Brasil – Uma onda de ataques a ônibus tem deixado passageiros em risco e comprometido o sistema de transporte público em São Paulo. Desde 12 de junho, mais de 235 ônibus foram vandalizados na capital, segundo a SPTrans. Os ataques se intensificaram nas últimas 24 horas, com pelo menos 35 novos casos registrados entre quarta (2) e quinta-feira (3), a maioria na Zona Sul da cidade.
A violência tem causado prejuízos à mobilidade urbana e, em casos mais graves, afetado diretamente os usuários. Uma passageira teve o nariz fraturado após ser atingida no rosto por estilhaços de vidro, durante um dos ataques. O caso ocorreu na Zona Sul e foi registrado em vídeo.
Durante a madrugada desta quinta-feira (3), dezenas de ônibus danificados se acumularam no pátio do 47° Distrito Policial do Capão Redondo, um dos pontos com maior concentração de casos. Segundo a SPTrans, os principais alvos são os vidros laterais e traseiros dos veículos, atingidos por pedras arremessadas de forma deliberada.
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT) e a SPTrans condenaram os atos de vandalismo e destacaram que as maiores prejudicadas são as pessoas que dependem do transporte público. “Cada ônibus fora de operação significa uma linha com menos frequência ou até interrupção total, atingindo diretamente trabalhadores e comunidades periféricas”, destaca nota oficial.
Por protocolo, os veículos atacados são recolhidos para manutenção e substituídos por unidades da reserva técnica. Caso isso não ocorra, a empresa responsável é penalizada por não cumprir a viagem programada.
Vandalismo se espalha pela Grande São Paulo e litoral
Além da capital, Santo André, Osasco, Santos, Taboão da Serra, Mauá e São Bernardo do Campo também relataram casos semelhantes. No total, já são mais de 280 ataques registrados na Região Metropolitana e no litoral paulista desde junho:
- São Paulo: 235 ônibus vandalizados
- Santo André: 13
- Osasco: 12
- Santos: 11
- Taboão da Serra: 6
- São Bernardo do Campo: 2
- Mauá: 1
A Polícia Civil de São Paulo investiga se os ataques têm relação com instalações de câmeras de segurança nos veículos ou se seriam retaliações de grupos criminosos. Uma das hipóteses é a de que o vandalismo seja uma reação à perda de contratos de empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A Delegacia de Crimes Organizados (Deic) está à frente da apuração.
A prefeitura determinou a concentração de boletins de ocorrência em apenas duas delegacias — uma em São Paulo e outra no ABC — para acelerar o cruzamento de dados e a identificação dos suspeitos. Imagens do programa Smart Sampa também estão sendo utilizadas nas investigações.
Segundo a SSP, os crimes ocorrem, principalmente, entre 20h e 23h. A Polícia Militar recebeu 12 chamados, mas apenas sete boletins foram registrados até agora.
Empresas e prefeituras se posicionam
A concessionária Mobibrasil, que opera linhas na capital, confirmou apoio à passageira ferida e destacou que colabora com as autoridades. A empresa repudiou os ataques e pediu reforço na segurança pública.
Já prefeituras como Santo André e São Bernardo do Campo relataram casos isolados, com o reconhecimento de suspeitos e prisões em flagrante. Em Mauá, dois ônibus foram apedrejados no dia 14 de junho, sem feridos.
Principais vias afetadas na capital:
- Avenida Cupecê
- Avenida Eng. Armando de Arruda Pereira
- Avenida Vereador João de Luca
- Rua Assembleia
Sindicato pede reunião urgente com governo
O Sindicato dos Motoristas de São Paulo solicitou uma reunião emergencial com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para discutir medidas de proteção aos motoristas e passageiros.
Enquanto as investigações seguem sem conclusão, a insegurança permanece: ônibus continuam sendo alvos, e a rotina de milhares de paulistanos é interrompida por um cenário de medo e incerteza.
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