MANAUS – Manaus está cada vez mais vigiada. Com o aumento significativo de radares de velocidade, especialmente em vias de grande fluxo como a Avenida do Turismo e a Avenida das Torres, a capital amazonense parece estar à mercê de uma nova “indústria da multa”. No primeiro dia de operação das chamadas “corujinhas”, mais de 1.200 multas foram aplicadas. E isso em apenas uma via. Coincidência? Ou talvez um sistema montado para arrecadar mais do que educar?
A justificativa para a instalação massiva desses dispositivos é sempre a mesma: salvar vidas, reduzir acidentes e humanizar o trânsito. No entanto, pouco se fala sobre os investimentos em educação de motoristas e melhorias na infraestrutura urbana, medidas que atacam a raiz dos problemas de trânsito. Parece mais fácil e lucrativo punir o motorista do que oferecer alternativas viáveis para que ele dirija com segurança.
A verdade é que Manaus enfrenta problemas estruturais graves, que vão além do comportamento dos motoristas. Buracos nas vias, sinalização insuficiente e transporte público ineficiente são apenas alguns dos desafios enfrentados por quem precisa se locomover pela cidade. Mas, em vez de resolver essas questões, o foco parece ser colocar radares a cada esquina.
Enquanto isso, os números de mortes no trânsito continuam a crescer, mesmo com o aumento das multas. Entre janeiro e novembro de 2024, o número de mortes no trânsito subiu 19% em relação ao mesmo período de 2023. Ou seja, o excesso de câmeras e radares não está, necessariamente, resolvendo o problema que a prefeitura promete combater.
Outro ponto de crítica é a falta de diálogo com a população sobre essas medidas. Os radares são instalados sem que os motoristas compreendam as razões técnicas ou vejam resultados práticos. Em muitos casos, o cidadão só percebe a nova fiscalização ao receber uma multa em casa.
O prefeito em exercício e diretor-presidente do IMMU, Renato Júnior, anunciou nesta terça-feira, 7/1, a instalação de novos radares em vias de grande fluxo, como a Avenida Governador José Lindoso (Avenida das Torres), na zona Norte, e a Avenida Autaz Mirim (Grande Circular), na zona Leste. Segundo a prefeitura, esses locais foram escolhidos com base em estudos técnicos que indicaram maiores índices de acidentes.
A medida levanta questões sobre o foco da administração no aumento da fiscalização eletrônica como solução para os problemas do trânsito. A cidade enfrenta desafios estruturais que vão além da velocidade excessiva, como a falta de infraestrutura adequada e a necessidade de mais ações educativas. A sensação que fica é que, muitas vezes, as soluções mais simples, como a instalação de mais radares, são preferidas em detrimento de investimentos de vias expressas e alagamentos de vias centrais da cidade, que poderiam proporcionar mudanças mais duradouras no tráfego da cidade, além das condições precárias que as vias de trânsito se encontram durante essa gestão.
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