Alvarães (AM)– As investigações sobre o desaparecimento da técnica de enfermagem Ana Paula da Costa Barbosa, 28 anos, e de seus filhos Kauã Miguel, 10, e Maria Ísis, 7, evoluíram para a forte suspeita de homicídio. A Polícia Civil do Amazonas encontrou ossadas humanas que podem ser das vítimas, enquanto o principal suspeito do caso, Alexsandro da Silva, conhecido como “Branco”, encontra-se foragido da justiça. O caso, que choca o interior do estado, começou em Alvarães e se estendeu para o município de Tefé.
As diligências são realizadas pela 57ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Alvarães, interior do Amazonas.
De acordo com o delegado titular da 57ª DIP, Marcelo Lopes, o caso veio à tona em fevereiro de 2024, quando o ex-marido de Ana Paula registrou o desaparecimento dela e das crianças.
As apurações constataram que a família havia se mudado para Tefé (AM) na companhia de Alexsandro da Silva.
Investigação e suspeitas

As primeiras pistas já acenderam um alerta. A polícia identificou que Ana Paula utilizava diversos números de telefone, levantando a hipótese de que outra pessoa estivesse se passando por ela. Em uma tentativa de localizar as crianças por meio de registros escolares, os agentes descobriram que o próprio “Branco” havia solicitado a matrícula de Kauã Miguel.
O perfil do suspeito, que já era investigado por crimes de abuso sexual contra duas crianças em Alvarães, reforçou as suspeitas. A investigação tomou um novo rumo quando um número suspeito, supostamente vinculado a Ana Paula, tentou negociar a venda de um imóvel dela por um valor significativamente abaixo do mercado.
Uma transferência bancária via Pix relacionada ao negócio foi direcionada para uma conta de Alexsandro da Silva, conectando-o diretamente à fraude.
Diante das evidências, a polícia passou a trabalhar com a hipótese de que Ana Paula e os filhos estavam sendo vítimas de sequestro ou cárcere privado.
Prisão, fuga e descoberta das ossadas

Com base nas provas, a Justiça decretou a prisão temporária de “Branco”. Após dez dias foragido, ele foi capturado em Tefé, onde prestou depoimento e deu versões inconsistentes, consideradas inverídicas pela polícia. Sua prisão foi então convertida em preventiva.
No entanto, em 14 de julho de 2024, Alexsandro conseguiu fugir do presídio de Tefé, onde estava detido, e permanece foragido.
As buscas pela família desaparecida continuaram e levaram a uma descoberta macabra. Na comunidade Açaítuba, a Polícia Civil encontrou um possível cativeiro com ossadas humanas. Exames antropológicos preliminares indicaram que os restos mortais podem ser de crianças com características semelhantes às de Kauã e Maria Ísis. A confirmação definitiva depende do resultado da análise de DNA, que está em andamento.
Na última semana, familiares das vítimas encontraram novos ossos na mesma região, que foram expostos devido à vazante do rio. O material foi recolhido e encaminhado para a perícia oficial.
Rede de cumplicidade e outros desaparecimentos

A investigação já ouviu cerca de 31 pessoas e cumpriu mandados em cinco residências. Algumas pessoas já foram presas sob a acusação de prestar auxílio material ao foragido.
O caso se tornou ainda mais complexo quando surgiram indícios conectando “Branco” a outros desaparecimentos. Entre as possíveis vítimas estão Hevelyn Kalena, ex-namorada do investigado, e seus dois filhos, Hanna Sophia e Yuri Kalel.
Em uma busca, foi encontrada a certidão de nascimento de Hanna Sophia em um imóvel onde “Branco” morou.
A própria filha de Alexsandro, Maria Eloísa Lopes, está desaparecida desde novembro de 2024. Há ainda o caso de Paulo Roberto, que saiu para fazer um serviço com “Branco” em uma comunidade de Tefé em maio deste ano e nunca mais retornou.
As equipes das delegacias de Alvarães e Tefé seguem empenhadas na localização de Alexsandro da Silva e na apuração completa dos fatos. Qualquer informação que possa contribuir com as investigações pode ser repassada de forma anônima para os disque-denúncia: (97) 98417-7265 (57ª DIP) ou 181 (SSP-AM).
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