Manaus (AM) – Após 12 anos de pontificado, o mundo católico se despede oficialmente neste sábado (26), do Papa Francisco, que faleceu na última segunda-feira (21), aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Com o sepultamento, inicia-se agora o caminho para a escolha do novo líder da Igreja Católica. O processo se chama conclave, um ritual milenar repleto de tradição, fé e mistério.
O Que é o Conclave?
O conclave é a assembleia que reúne os cardeais da Igreja Católica para eleger um novo papa. A palavra “conclave” vem do latim cum clave, que significa “com chave”, fazendo referência ao isolamento dos cardeais para garantir o sigilo absoluto do processo. (São 135) que serão hospedados na Casa de Santa Marta para um período de isolamento no Vaticano, em que terão deliberar e votar para eleger um novo líder.
O início da escolha deve começar de 15 a 20 dias após a morte de um papa, conforme as normas da instituição. Uma determinação de 2013, do papa Bento XVI, estabeleceu que o conclave poderá ser antecipado em caso de presença de todo o colegiado de cardeais em Roma, ou adiado por motivos excepcionais e de gravidade comprovada.

Por essa norma e considerando que não hajam excepcionalidades, a previsão é de que a definição do sucessor de Francisco comece entre os dias 6 e 11 de maio, dentro da Capela Sistina, no Vaticano.
Não há como projetar a data de anúncio do novo pontífice, tendo em vista que os conclaves tiveram durações distintas ao longo da história. A escolha do argentino para o papado, em 2013, ocorreu pouco mais de 24 horas após o início dos rituais. No processo mais longo da história recente, em 1922, a decisão final demorou 5 dias.
As votações são acompanhadas de um ritual simbólico muito conhecido: a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina. A fumaça preta indica que a votação não resultou em uma decisão; a fumaça branca, que um novo papa foi eleito.
Cardeais brasileiros com direito a voto no Conclave:
- João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília – 77 anos
- Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus – 74 anos
- Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil – 65 anos
- Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB – 64 anos
- Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo – 75 anos
- Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro – 74 anos
- Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília – 57 anos
Dom Leonardo Steiner

O cardeal da Amazônia e arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, é um dos sete cardeais brasileiros com direito a voto na eleição.
Natural de Forquilhinha, no interior de Santa Catarina, Leonardo Ulrich Steiner nasceu em 6 de novembro de 1950. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1972 e foi ordenado sacerdote em 1978 por Dom Paulo Evaristo Arns. É mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, onde também obteve o doutorado.
Entre 1999 e 2003, atuou como secretário-geral da universidade. Ao retornar ao Brasil, foi vigário na Paróquia Bom Jesus, em Curitiba, e professor na Faculdade São Boaventura. Em 2005, tornou-se bispo da prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso e, em 2011, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília, acumulando também o cargo de secretário-geral da CNBB até 2019.
Nomeado arcebispo de Manaus em 2019, foi criado cardeal em 2022 por indicação do papa Francisco, recebendo o título de “Cardeal da Amazônia”. Seu lema episcopal é Verbum caro factum est — “O Verbo se fez carne”.
O Legado de Papa Francisco

O conclave que se aproxima acontece em um cenário de grande reflexão. O Papa Francisco foi uma figura transformadora para a Igreja e para a sociedade. Primeiro papa latino-americano da história, argentino de origem, Francisco aproximou o Vaticano dos temas sociais mais urgentes: combate à pobreza, acolhimento dos migrantes, diálogo inter-religioso, e defesa vigorosa da natureza.
Especialmente a Amazônia esteve no centro de sua atenção. O Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, evidenciou seu compromisso com a preservação da floresta e os direitos dos povos indígenas, temas que consolidaram sua imagem como o “papa verde”.
Sua marca de simplicidade — recusando luxos do Vaticano, utilizando um carro modesto e optando por uma vida mais austera — inspirou milhões de fiéis e redefiniu o modo como o papado é visto no século XXI.
O mundo observa com atenção este momento histórico. Em breve, a fumaça branca voltará a surgir no céu do Vaticano, anunciando uma nova liderança e, com ela, um novo capítulo para a Igreja Católica.
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