(Foto: Divulgação)
A morte súbita do cantor Arlindo Jr. caiu como uma bomba nas rodas de conversa amazonenses. Minutos após as primeiras notícias, o assunto já era comentado nas ruas, nas casas, nos bares e também na internet, onde uma rápida pesquisa em grupos de Whatsapp e nas principais redes sociais logo revelava um disparo de comentários e publicações com o nome do cantor,
Apesar do tamanho de Arlindo Jr, não poder ser medido apenas por algoritmos, números de audiência ou menções em redes sociais, a imensa mobilização mostra o tamanho e o alcance tomados por um artista que sempre elevou o nome da Amazônia e o seu principal fenômeno cultural, o Festival Folclórico de Parintins. De raízes sambistas, Arlindo viu seu nome atrelar-se de forma simbiótica ao Boi Bumbá após ser convidado para cantar as toadas do Caprichoso nos idos anos de 1989.
Ainda que famosa no mundo inteiro, a manifestação cultural mais conhecida de Parintins e do Amazonas sempre reservou muito mais reconhecimento nacional aos artesãos, que entre um festival e outro emprestam seu talento para as principais festas de Carnaval do País, do que a compositores e intérpretes, salvo casos esporádicos e especiais de nortistas que romperam as fronteiras locais como Chico da Silva, Zezinho Corrêa, Fafá de Belém, David Assayag entre outros.
Especialmente no Rio de Janeiro, que desde os anos 70 conta com a mão de obra parintinense nas principais e mais marcantes mudanças de seus carros alegóricos – e consequentemente no Carnaval como um todo – os artistas do Boi-Bumbá têm no Festival Folclórico seu auge de exposição Brasil afora, com exibições eventuais em rede nacional, para depois voltar a uma realidade de vivência quase que exclusivamente regional.
Na noite de seu falecimento, Arlindo Jr. mostrou sua força. Instantaneamente, seu nome e o de Parintins subiram aos assuntos mais comentados do Twitter de Manaus. Arlindo Jr. também chegou a aparecer entre os 20 assuntos mais comentados em todo o Twitter brasileiro. Em muitas ou poucas palavras, o sentimento uníssono de lamentação era quase que “ouvido com os olhos” a cada comentário, a cada fotografia em homenagem ao eterno ídolo.
No dia em que alçou suas velas e desaportou as caravelas deste lado da vida, Arlindo Jr. deixou órfãos seus familiares e filhos, seus inúmeros fãs, admiradores, companheiros de trabalho e de vida que choram a partida deste que é, indiscutivelmente, o Comandante maior de todo o caminho navegado pelo Boi Bumbá amazonense em seu período moderno.
Raphael Sampaio
