Envolvidos em chacina do Compaj irão prestar depoimento

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O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) vai ouvir interlocutores e executores da chacina realizada no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que aconteceu em janeiro de 2017, resultando na morte de 56 detentos.

As audiências devem acontecer no Fórum Henoch Reis, localizado na avenida Paraíba, bairro São Francisco, zona Sul de Manaus, dentro do prazo de 30 dias.

Cerca 206 réus serão ouvidos pelo tribunal, entre eles, 17 criminosos que cumprem pena em presídios federais, fora do Estado do Amazonas. Nessa lista estão os narcotraficantes José Roberto Barbosa Fernandes, o “Zé Roberto da Compensa”, Gelson Lima Carnaúba, o “Mano G”, e João Pinto Carioca, o “João Branco”.

De acordo com o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), baseado nas investigações realizadas pela Polícia Civil e equipes de inteligência, os três narcotraficantes comandam a facção criminosa Família do Norte (FDN), apontados como membros de elite do grupo criminoso.

Porém, Gelson Lima saiu da FDN e migrou para outra facção criminosa, assumindo a liderança do Comando Vermelho (CV).

Início da rebelião no Compaj. Foto: Divulgação/Seap

Cartas de aviso

Antes do massacre acontecer, na época, “Zé Roberto”, “Mano G” e “João Branco” enviaram cartas para familiares de detentos do Compaj informando as ameaças de uma facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Os três narcotraficantes reforçavam a ordem de “exterminar” detentos ligados à facção rival. Uma das pessoas responsáveis pelo envio das cartas era a esposa de “Zé Roberto”, Luciane Albuquerque de Lima.

Palavra final

O massacre no Compaj iniciou após uma decisão conjunta entre “Zé Roberto”, “Mano G” e “João Branco”. A rebelião começou às 16h do dia primeiro de janeiro de 2017, durante a visita de familiares aproveitando as comemorações da virada do ano.

Foto: Divulgação

Maior massacre do Brasil

A chacina começou quando detentos da FDN invadiram uma área denominada “Seguro”, onde ficavam presos considerados vulneráveis e membros do PCC. O objetivo era chegar na cela onde ficavam os detentos da facção rival, como não conseguiram.

Entre os mortos no setor estavam detentos como o ex-policial militar Moacir Jorge da Costa, o “Moa”, um dos principais envolvidos na investigação contra o ex-deputado estadual Wallace Souza. “Moa” foi morto pelos membros da FDN e seu corpo foi queimado.

Moacir Jorge da Costa, o “Moa”. Foto: Divulgação

Muitos detentos foram agredidos fisicamente pelos executores da rebelião, uns foram esquartejados e outros foram decapitados na quadra de esporte do presídio. Das vítimas esquartejadas, órgãos foram removidos. Uma verdadeira barbárie.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o massacre resultou na morte de 56 pessoas e 87 detentos fugiram da unidade prisional, perdendo apenas para o massacre no Carandiru, no Rio de Janeiro, em 1992.

Prisões

Preso desde 2015, “Zé Roberto da Compensa” cumpre pena em um presídio federal Mato Grosso do Sul (MS). “Mano G” e “João Branco” também estão presos em presídio federal, mas localizado no Paraná (PR).

O processo que julga o massacre do Compaj conta com 212 réus, entretanto, sete envolvidos morrem, sobrando apenas 206. No total, 56 pessoas são julgadas pelo crime de homicídio qualificado, seis por tentativas de homicídio, 46 por vilipêndios de cadáveres, tortura em 26 vítimas e filiação com facções criminosas.

Da Redação

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