“Esquerda só se une na cadeia”: Briga entre lideranças do PT Amazonas reflete divergências

Briga reflete divêrgencias na Esquerda Amazonense
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Foto: Reproduçao

AMAZONAS – Nos últimos dias, o Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas tem enfrentado um confronto interno que revela as diferentes visões políticas e estratégias dentro da sigla. O embate entre o presidente estadual do PT e deputado estadual, Sinésio Campos, e o vereador Zé Ricardo (PT) expõe um dilema sobre a identidade do partido no estado e os rumos que ele deve seguir em meio a desafios eleitorais e de imagem.

Após as declarações do vereador Zé Ricardo, que sugeriu que a saída de Sinésio Campos do PT seria “um grande favor” para a imagem da sigla no Amazonas, o presidente estadual do partido se pronunciou de forma objetiva e sem se deixar envolver no debate pessoal. Em entrevista ao programa Manhã no Ar, Sinésio enfatizou que sua prioridade é o trabalho que tem pela frente e a gestão do partido, deixando claro que não se desvia de suas responsabilidades.

“Primeiro, eu não tenho nada a declarar, tenho muito a trabalhar. Sou presidente estadual, fui eleito para dirigir o partido, e estou conduzindo o meu trabalho porque há muito a ser feito”, afirmou Sinésio, adotando um tom de defesa da sua postura pragmática.

Quando questionado sobre a possibilidade de um racha interno, Sinésio reafirmou que não há conflitos dentro do PT e que as críticas de Zé Ricardo devem ser vistas como questões pessoais. “Essas questões estão relacionadas às diferenças de cunho pessoal. Eu trato de política, não de questões pessoais”, disse, deixando claro que sua agenda é voltada para a política e não para disputas internas.

Essas declarações expõem uma fratura interna no PT-AM que, embora minimizada publicamente, revela divergências profundas sobre as perspectivas e o papel do partido no cenário local. Enquanto Zé Ricardo busca resgatar uma imagem mais ideológica e de oposição do PT, Sinésio mantém sua linha pragmática, focada na governabilidade e em alianças que garantam a estabilidade do partido na política estadual.

A História das Divisões no PT

A disputa entre os dois nomes não é novidade dentro da história do PT, que sempre foi marcado por intensas divisões ideológicas desde sua fundação nos anos 80. A frase do ator e compositor Mário Lago, que ironicamente dizia que “a esquerda só se une na cadeia”, parece retratar bem a realidade interna do PT, que, embora busque apresentar uma unidade pública, sempre enfrentou dissidências e disputas por diferentes visões sobre o futuro do partido.

Helso Ribeiro, advogado e cientista político, comenta as tensões recentes dentro do PT no Amazonas, em especial entre o presidente estadual da sigla, Sinésio Campos, e o vereador Zé Ricardo.

“Na política, é evidente que tanto a direita quanto a esquerda têm suas divisões internas. A ideia de que a direita é incapaz de se unir é um mito. Eu diria que tanto a direita quanto a esquerda são heterogêneas em seus pensamentos, sempre existindo diferentes vertentes dentro de cada grupo”, afirma Ribeiro.

Ele acrescenta que as divisões internas do PT no Amazonas não são algo novo: “Isso não é de agora, já vem de muito tempo. Sinésio sempre foi um político pragmático. Você nunca vai ver ele brigando com prefeitos ou governadores. Ele é o cara da conciliação, que busca alavancar alianças e sempre se manteve ao lado das lideranças sociais. Ele é um deputado de longa data, com cerca de oito mandatos, e tem uma relação muito forte com os bairros. Não podemos negar isso”.

Ribeiro contextualiza essas disputas como algo historicamente presente no PT, desde sua fundação nos anos 1980. “O PT sempre teve divisões internas, e muitas dessas divisões eram bem raivosas. Isso não é à toa. Algumas correntes se separaram, fundando outros partidos como o PSOL e o PSDU. É uma disputa que se repete ao longo dos anos, um verdadeiro ‘vale a pena ver de novo’ em termos políticos. É sempre a mesma coisa se repetindo dentro da legenda”, diz Ribeiro.

Ele também vê a atual disputa como uma bifurcação entre dois modelos de PT: “Hoje, vemos duas forças dentro do partido. Zé Ricardo tenta resgatar aquele PT mais romântico, dos anos 80, com um apelo à renovação e ao resgate de uma credibilidade ideológica. Por outro lado, Sinésio, com sua postura pragmática, tenta manter o partido em uma linha de acordos amplos, que garantem a governabilidade. Ambos são necessários para a estrutura do PT, mas com visões diferentes sobre como conduzir o partido”.

Para Ribeiro, essa divisão pode ser vista tanto como uma oportunidade quanto como um desafio para o partido em termos de sua governabilidade: “O PT, em termos de governabilidade nacional, precisa desses acordos amplos. Não dá para simplesmente excluir quem não está alinhado com a ‘gênese’ do partido, porque senão você está colocando fora praticamente todo mundo, até mesmo figuras do governo do presidente Lula, que têm sido parte dessa construção política mais pragmática. O desafio está em como equilibrar esses dois elementos para o futuro do partido”.

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