‘Não temos para onde ir’: Suframa usa documento de 18 anos para tentar despejar 2,5 mil famílias em Manaus

Líder comunitário diz que ação começou por volta das 8h, com truculência por parte dos agentes do poder público
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(Fotos: Michel Santos / Portal Tucumã)

Manaus (AM) – Uma tensão envolvendo moradores, órgãos públicos e forças de segurança marcou a manhã desta quinta-feira (18) no Distrito Industrial de Manaus. Cerca de 2.500 famílias da Comunidade Nova Jerusalém enfrentaram uma ação de reintegração de posse movida pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

De acordo com o cacique Roberto, líder comunitário, a ação começou por volta das 8h da manhã, quando as equipes chegaram ao local solicitando a retirada dos moradores e contrataram pessoas para demolir os barracos.

Ele relatou que questionou o comandante da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (ROCAM) sobre a existência de um mandado de reintegração de posse, mas foi informado que não havia documento específico para a ação. A Suframa apresentou um documento datado de 2006, que de acordo com os moradores, não estava atualizado.

“O coordenador da FUNAI falou que se não tem documento de reintegração de posse, não tem porque eles usarem a força para retirar os moradores do local. Porque quem mora na comunidade é quem manda na terra”, afirmou o cacique Roberto em entrevista ao Portal Tucumã.

Situação vulnerável das famílias

A comunidade, que existe há aproximadamente seis meses no local, abriga famílias em situação de alta vulnerabilidade. De acordo com os relatos, há idosos, crianças autistas, pessoas com deficiência, mulheres grávidas e famílias que migraram do interior do Amazonas em busca de melhores condições de vida.

“Se essas famílias forem retiradas daqui dessa terra, eles não têm para onde ir. Muitos vieram do interior para cá, tem muitos indígenas, brancos, é uma comunidade mista”, explicou o líder comunitário.

Os moradores denunciaram ter sido ameaçados durante a operação. “Eles vêm aqui oprimir a população, ameaçar de agredir, dar tiro, levar preso, dar bala de borracha. Ninguém aqui é bandido não, todo mundo aqui é morador, pessoal de bem, família”, desabafou um dos residentes.

Apelo por dignidade e moradia

Os comunitários destacaram que estão no local por necessidade e não por opção. “A gente está aqui porque a gente não tem para onde ir. Todo mundo que está aqui precisa de uma casa digna, uma moradia digna”, afirmou uma moradora.

O cacique Roberto fez um apelo direto às autoridades: “Nós respeitamos a farda dos policiais, mas também ele tem que respeitar a humanidade que está aqui dentro nesse lugar”.

A reportagem tentou contato com a Suframa acerca das denúncias, mas até o momento não obteve resposta. O Portal Tucumã acompanha os desdobramentos do caso de perto e mais informações serão divulgadas a medida que estiverem disponíveis.

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