Brasil – Uma nova pesquisa do Datafolha revela que 52% dos brasileiros acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou promover um golpe para se manter no poder após ser derrotado no segundo turno da eleição presidencial de 2022. Outros 39% discordam da hipótese, enquanto 7% não souberam responder.
O levantamento foi realizado nos dias 12 e 13 de dezembro, com 2.002 eleitores de diferentes perfis socioeconômicos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Percepções sobre o golpe permanecem estáveis
Os números são semelhantes aos registrados em março deste ano, quando a mesma pergunta foi feita. Na época, 55% dos entrevistados acreditavam na tentativa de golpe por parte de Bolsonaro, enquanto 39% o consideravam inocente — número que se manteve estável na nova pesquisa.
Desde então, Bolsonaro foi indiciado no inquérito da Polícia Federal que investiga a trama golpista, envolvendo 39 pessoas, das quais 28 são militares. O ex-presidente nega as acusações, alega ser alvo de perseguição política e afirma que as conversas sobre mantê-lo no poder eram “apenas isso, conversas”.
A Polícia Federal, no entanto, mantém uma visão diferente. Há expectativa de que Bolsonaro seja denunciado pelo Ministério Público em breve, o que pode resultar em julgamento já em 2025. Vale lembrar que o ex-presidente já está inelegível até 2030, após condenação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por sua campanha contra as urnas eletrônicas.
Divisões regionais e socioeconômicas
O perfil de quem acredita ou não na tentativa de golpe reflete as divisões já conhecidas no eleitorado brasileiro.
Quem acredita que Bolsonaro tentou dar um golpe:
- Menos instruídos: 59%
- Mais pobres: 60%
- Nordestinos: 64%
Quem acredita que Bolsonaro é inocente:
- Com curso superior: 47%
- Mais ricos: 49%
- Moradores do Sul: 50%
- Evangélicos: 52%
Além disso, as opiniões se dividem fortemente entre os eleitores de Lula e os de Bolsonaro, com abismos de percepção entre esses grupos.
Outra pergunta feita pelo Datafolha revelou que 68% dos brasileiros acreditam que houve risco de golpe nos meses finais de 2022. Entre esses, 43% avaliam o perigo como grande, 17% como médio, e 8% como pequeno.
Por outro lado, 25% descartaram qualquer risco, enquanto 7% não souberam opinar.
A percepção de risco é majoritária em todos os estratos populacionais, mas atinge picos entre:
- Mais pobres: 74%
- Nordestinos: 78%
- Eleitores de Lula: 89%
Já os grupos que mais descartam a hipótese são:
- Homens: 30%
- Mais ricos: 34%
- Bolsonaristas: 46%
Conhecimento sobre plano de assassinato de autoridades
A pesquisa também abordou o conhecimento dos eleitores sobre as investigações envolvendo um suposto plano para matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes (STF).
Disseram estar a par do caso 63% dos entrevistados, sendo que 29% se consideram bem informados. Entre os 37% que não ouviram falar sobre o plano, destaca-se o elevado índice entre jovens de 16 a 24 anos (57%).
A familiaridade com o caso afeta diretamente a percepção sobre o envolvimento de Bolsonaro:
- Entre quem conhece o caso: 50% acreditam que Bolsonaro participou do plano, contra 40% que não.
- Entre quem desconhece o caso: 54% acham que ele é inocente, enquanto 22% acreditam que estava envolvido.
No total, 46% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro não sabia do plano de assassinato, contra 39% que afirmam que ele estava envolvido.
Um país polarizado
O levantamento do Datafolha reforça o grau de polarização política no Brasil. As opiniões sobre Bolsonaro e o governo Lula seguem fortemente influenciadas por fatores regionais, econômicos e ideológicos.
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