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‘A Farmácia do índio’: Conheça o fascinante mundo das plantas medicinais da Amazônia

Segundo dados levantados pela OMS, 80% da população mundial já fez uso de medicamentos fitoterápicos
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(Foto: Reprodução / Rachel Claire / Pexels)

Manaus (AM) – Obesidade, depressão, sífilis, diabetes, malária, artrite, celulite, hérnia e inchaço nos testículos são alguns dos males que podem ser tratados e curados com o uso de plantas medicinais encontradas na Amazônia. Apelidada de “farmácia do índio”, a floresta amazônica é o lar das mais diversas vegetações ricas em propriedades medicinais, desde as folhas, ervas e frutos até a própria madeira das árvores. Ao longo de centenas de anos, os povos indígenas dominaram essa sabedoria, a manipulando em conjunto com toda magia presente nas tradições originárias, e hoje em dia os conhecimentos também são usados pela sociedade urbana.

Segundo dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial já fez uso de medicamentos fitoterápicos (formulados com o extrato de matérias-primas vegetais), como uma forma de alternativa, desviando dos procedimentos convencionais, para o tratamento de doenças. Já no âmbito econômico, só no Brasil, o comércio na área movimenta, em média, 500 milhões de dólares, conforme o Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM).

Políticas nacionais sobre plantas medicinais

Tendo em vista os fatos citados e visando o “acesso seguro e uso racional” da população brasileira, o Decreto nº 5.813 criou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 22 de junho de 2006, e, consequentemente, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 9 de dezembro de 2008, que detalha as diretrizes da política, por meio da Portaria Interministerial nº 2.960, assinada por 10 ministérios, sendo eles: Casa Civil; Agricultura, Educação, Pecuária e Abastecimento; Cultura; Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Agrário; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Integração Nacional; Meio Ambiente e Saúde.

Reconhecendo o enorme impacto tanto na parte social quanto econômica do uso e comércio das plantas medicinais no país, sete propostas estruturam a política e o programa nacional referente a elas:

  1. Integrar nos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) o uso das plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia, de forma segura e eficaz, além de respeitar e agir de acordo com as diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS.
  2. Validar, reconhecer e promover os métodos populares e tradicionais em relação ao uso de plantas medicinais, assim como o de remédios caseiros.
  3. Inserir a agricultura familiar na cadeia produtiva das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos.
  4. Definir e/ou aprimorar o marco regulatório (um pacote com direcionamentos gerais, elaborados com base em pesquisas e diálogos com usuários, comitês e órgãos ambientais referentes ao tema, com o intuito de construir uma regularização justa e eficaz, além de aplicar os instrumentos de gestão concebidos pela Política de Águas), visando o bom cultivo, manipulação e produção de plantas medicinais e fitoterápicos.
  5. Prover instrumentos para o fomento à pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações relacionados a plantas medicinais e fitoterápicos, que atendam às necessidades das diversas etapas da cadeia produtiva.
  6. Desenvolver e distribuir à população estratégias de comunicação, formação técnico-científica e capacitação no setor de plantas medicinais e fitoterápicos, para o melhor entendimento teórico e prático do assunto.
  7. Promover o uso sustentável da biodiversidade, fator de suma importância à nação brasileira.

71 plantas medicinais autorizadas

Após o reconhecimento oficial da importância da manipulação desse conhecimento popular de forma padronizada e regularizada, além da inclusão dele nos procedimentos médicos, o Ministério da Saúde divulgou uma lista com 71 plantas medicinais autorizadas e que são de interesse do SUS. Entre elas, estão as conhecidas unha-de-gato, alcachofra e aroeira da praia, manipuladas por séculos, principalmente no circulo familiar, em que os mais velhos geralmente tinham o conhecimento de alguma receita de remédio caseiro, passada de geração em geração. Na listagem, o órgão usa os nomes científicos dos vegetais.

⦁ Achillea millefolium
⦁ Lippia sidoides
⦁ Allium sativum
⦁ Malva sylvestris
⦁ Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis)
⦁ Maytenus spp* (M. aquifolium ou M. ilicifolia)
⦁ Alpinia spp* (A. zerumbet ou A. speciosa)
⦁ Mentha pulegium
⦁ Anacardium occidentale
⦁ Mentha spp* (M. crispa, M. piperita ou M. villosa)
⦁ Ananas comosus
⦁ Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata)
⦁ Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea *
⦁ Momordica charantia
⦁ Arrabidaea chica
⦁ Morus sp*
⦁ Artemisia absinthium
⦁ Ocimum gratissimum
⦁ Baccharis trimera
⦁ Orbignya speciosa
⦁ Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou B. variegata)
⦁ Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)
⦁ Bidens pilosa
⦁ Persea spp* (P. gratissima ou P. americana)
⦁ Calendula officinalis
⦁ Petroselinum sativum
⦁ Carapa guianensis
⦁ Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria)
⦁ Casearia sylvestris
⦁ Plantago major
⦁ Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita
⦁ Plectranthus barbatus = Coleus barbatus
⦁ Chenopodium ambrosioides
⦁ Polygonum spp* (P. acre ou P. hydropiperoides)
⦁ Copaifera spp*
⦁ Portulaca pilosa
⦁ Cordia spp* (C. curassavica ou C. verbenacea)*
⦁ Psidium guajava
⦁ Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus)
⦁ Punica granatum
⦁ Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri)
⦁ Rhamnus purshiana
⦁ Cúrcuma longa (ou curcumina)
⦁ Ruta graveolens
⦁ Cynara scolymus
⦁ Salix alba
⦁ Dalbergia subcymosa
⦁ Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira
⦁ Eleutherine plicata
⦁ Solanum paniculatum
⦁ Equisetum arvense
⦁ Solidago microglossa
⦁ Erythrina mulungu
⦁ Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam
⦁ Eucalyptus globulus
⦁ Syzygium spp* (S. jambolanum ou S. cumini)
⦁ Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana*
⦁ Tabebuia avellanedeae
⦁ Foeniculum vulgare
⦁ Tagetes minuta
⦁ Glycine max
⦁ Trifolium pratense
⦁ Harpagophytum procumbens
⦁ Uncaria tomentosa
⦁ Jatropha gossypiifolia
⦁ Vernia condensata
⦁ Justicia pectoralis
⦁ Vernonia spp* (V. ruficoma ou V. polyanthes)
⦁ Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum*
⦁ Zingiber officinale
⦁ Lamium album

Elisângela da Silva, cozinheira e dona de casa, ressalta que, apesar da atual apropriação dessa sabedoria dentro dos moldes da saúde e política pública, a manipulação das propriedades medicinais encontradas nas diversas vegetações tem raízes nas famílias humildes, comunidades tradicionais e povos originários.

“Eu cresci nessa floresta de concreto, mas meus pais e avós tinham uma forte ligação com as comunidades indígenas, então venho desse meio. Lembro que sempre havia um remédio caseiro para combater qualquer enfermidade que alguém da família estivesse sofrendo, isso me deixava encantada. Hoje em dia esses remédios são reconhecidos e usados pelos médicos nos tratamentos, mas antes de eles aceitarem o poder das plantas medicinais, os mais pobres já trabalhavam com isso, já tinham esse tato e eram descriminados por isso”, explicou a cozinheira.

Os mais diversos problemas podem ser sanados por meio de remédios caseiros, já que a natureza é farta em elementos que proporcionam algum efeito no organismo humano. Com isso, a internet, além dos vários livros já produzidos sobre o assunto, hospeda um rico conteúdo relacionado a receitas para a produção dessas soluções caseiras, ajudando muita gente que se encontra com algum problema de saúde.

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