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Após denúncias de corrupção, Witzel é alvo de cinco pedidos de impeachment

O pedido de impeachment é baseado nas denúncias de desvios de recursos públicos e compras feitas sem licitação pela secretaria estadual de Saúde.
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O governador Wilson Witzel concede, entrevista coletiva, após reunião com deputados federais, no Palácio das Laranjeiras.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O cerco está se fechando em torno do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Além da Operação Placebo, desencadeada por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que investiga um esquema milionário de corrupção na compra de equipamentos e montagem de estrutura emergencial para o enfrentamento da Covid-19, Witzel é alvo de cinco pedidos de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Os dois últimos foram protocolados nesta quarta-feira 27 e têm como base denúncias de desvios de recursos públicos que envolvem o governador, sua mulher, a advogada Helena Witzel, e compras feitas sem licitação pela secretaria estadual de Saúde. Nos bastidores, a informação é que desta vez a cúpula da Casa dará prosseguimento aos pedidos. A expectativa é que todos os requerimentos sejam aglutinados ou um deles, mais fundamentado, seja acatado pela instituição e o processo encaminhado ao plenário para votação.

Um dos documentos protocolados hoje, com 63 páginas, pedindo o impeachment de Witzel é assinado por cinco deputados estaduais da bancada bolsonarista. Ao se defender da Operação Placebo, o governador atribuiu a ação da PF ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu inimigo político. Márcio Gualberto (PSL), Dr. Serginho (Republicanos), Alana Passos (PSL), Filippe Poubel (PSL) e Anderson Moraes (PSL) fizeram o requerimento fundamentado por informações reveladas na Placebo, que realizou ontem 12 ações de buscas e apreensão no Rio e São Paulo, incluindo a residência oficial do governador do estado do Rio, o Palácio Laranjeiras.

No documento entregue à diretoria da Alerj, os deputados ressaltam “contratações desastrosas para o erário do estado, seja com relação ao Samu (serviço de ambulâncias), seja para compra de respiradores/ventiladores, seja para montagem e funcionamento dos hospitais de campanha, entre outros, todas sob perspectiva de dispensa de licitações”.

Dr. Serginho defende que o governador não possui condições morais e políticas para permanecer à frente do Executivo: “Os fatos apontados pelo Ministério Público são gravíssimos. A prática de crimes cometidos pelo governo estadual faz ser necessário o imediato afastamento de Wilson Witzel. Ele não possui condições morais e políticas para permanecer à frente do Executivo”, afirma ele.

A deputada Alana Passos também é enfática em destacar a urgência de votação do pedido de impeachment. “O próprio ministro Benedito Gonçalves, do STJ, reconheceu que há indícios robustos de fraudes e de que o governador Wilson Witzel está envolvido. É isso é crime, a Alerj precisa agir e peço que o presidente André Ceciliano coloque o pedido em votação o mais rápido possível”, pede Alana.

O deputado Anderson Moraes engrossa o coro: “Temos investigado, levantado contratos e visto, nas vistorias dos hospitais, que as irregularidades são gritantes. E essa roubalheira do dinheiro público, em um momento grave de pandemia, tem custado muitas vidas. É obrigação moral afastar o Witzel.”

No outro pedido protocolado nesta quarta-feira, os deputados estaduais Luiz Paulo Correa da Rocha e Lucinha, ambos do PSDB, justificam o pedido de impeachment também com base nos últimos escândalos de suspeita de corrupção no governo estadual e pedem que Witzel seja enquadrado na “Lei de Crimes de Responsabilidade, conforme as razões de fato e direito a seguir descritas, requerendo seja decretada a perda de seu cargo, bem como a inabilitação para exercer função pública, pelo prazo de cinco anos”.

Existem mais três pedidos de impedimento do governador do Rio na mesa diretora da Alerj. O primeiro deles foi feito, ainda em fevereiro, por sete membros da corrente bolsonarista – Doutor Serginho, Anderson Moraes, Alana Passos, Márcio Gualberto, Felippe Poubel , Coronel Salema (PSL) e Renato Zaca (PSL). Na época, o grupo alegava responsabilidade de Witzel no suposto caso de espionagem envolvendo grampos ilegais para a elaboração de dossiês contra parlamentares da Casa.

O caso ganhou mais repercussão quando André Ceciliano (PT), presidente da Alerj, perguntou a Witzel se o governo estava espionando deputados. A suspeita por parte dos parlamentares recaiu sobre o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Lucas Tristão, homem de confiança de Witzel. Outros dois pedidos de impeachment foram protocolados na Alerj por advogados.

Nos bastidores, é consenso de que Witzel nunca teve uma base de apoio sólida entre os 70 deputados. Desde o início da gestão, o governador tem negociado cargos em secretarias e outros órgãos em troca de alianças na Alerj. No caso do impeachment, parlamentares avaliam que, se for para o plenário, os pedidos de afastamento de Witzel poderiam ser aprovados. Eles, por exemplo, não engolem até hoje o não afastamento de Lucas Tristão. Por outro lado, alguns desses políticos ouvidos por VEJA acreditam que André Ceciliano possa postergar ao máximo o rito burocrático até os ânimos se acalmarem. “Nós sempre ajudamos os governos. Não é da minha ideologia perseguir ninguém. Mas a Alerj não será usada para uma guerra política. Se tivermos elementos, (os pedidos de impeachment) vão seguir. Não vou parar”, rebateu Ceciliano a VEJA.

O líder do governo na Alerj, Márcio Pacheco (PSC), defendeu Witzel: “Não há motivo legal para um pedido de impeachment. Não há materialidade, as investigações ainda estão em curso e nós não podemos transformar esse processo numa arena de disputas, vinganças e julgamentos políticos. É um equívoco pedir o impeachment.” Procurado, o governador ainda não respondeu a reportagem de VEJA.

Por VEJA

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