Manaus (AM) – Um barraco movimentou as redes sociais na última quarta-feira (8), quando uma mulher descobriu que o marido a traia com uma funcionária de uma determina loja em um shopping de Manaus. O caso ganhou repercussão nacional, chegando até a aparecer no programa “Encontro”, transmitido na TV Globo.
Entretanto, tocar no assunto de infidelidade gera um mix de emoções no momento da descoberta. Descobrir que o parceiro ou a parceira é infiel é um dos momentos mais difíceis da vida de alguém. As marcas na vida das vítimas podem ser irreparáveis, e de quem traiu também. Atualmente, até mesmo no entretenimento, é possível encontrar casais feridos por uma traição e, com isso, algumas ideias “únicas” sobre o amor. Porém, como essas relações prejudiciais afetam a saúde mental nessa situação difícil?
O Portal Tucumã procurou alguns especialistas, que explicaram porque, em casos de traição, a mulher é vista como a “vilã”; quais são os prejuízo psicológicos e sociais nos envolvidos; e sobre questões indenizatórias por conta da exposição do caso.
Pós-Doutora em Sociologia pela Université de Caen, Gustave Eiffel e Sorbonne, professora titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marilene Corrêa da Silva Freitas, concedeu uma entrevista exclusiva à nossa equipe e respondeu algumas perguntas.
PORTAL TUCUMÃ: Professora, a ideia aqui é falar dessas relações sociais sobre a história que se repete, de uma mulher traída/vítima, que resolveu expor a traição e que repercutiu até nacionalmente. Por que a população adora isso? Julgar?
MARILENE CORRÊA: Pão e circo. Banalização da intimidade. A vítima é a esposa traída pelo marido? Não esqueça que do ponto de vista formal infidelidade( adultério do marido) não é crime há 17 anos ( Lei 11.106/ 2005).
Mas isso não impede de a esposa se indignar com a infidelidade do marido. A mulher traída sofre o estereótipo de mal amada, submissa, dependente e que sofre calada. Pelo menos essa “botou pra quebrar”. A reação do público é de puro entretenimento. Aliás, o povo sempre se diverte com estórias de ‘pessoas traídas’; não levam em conta se esses fatos geram sofrimento.
As mídias contemporâneas têm apresentado programas que expõem situações de intimidade como públicas: subentende-se que como somos animais, não há mais pudor e censura em atos naturais de relacionamento íntimo, sexual ou afetivo. Essa própria etiqueta da intimidade pode ser ultrapassada aos olhos de muitos, e daqueles que consentem tal exposição.
Para refletir: até dois dias atrás, os envolvidos na polêmica eram desconhecidos. Amanhã, qualquer um pode estar no centro de um escândalo como esse. Seja como protagonista ou como alguém que está ali por azar. Ok, os memes são engraçados, mas sempre com os outros, né?
A advogada especializada em Direito da Família, Penépole Antony, explicou sobre os direitos que os envolvidos no caso tem.
PORTAL TUCUMÃ: Quais são os direitos que mulher traída?
PENÉLOPE ANTONY: No contexto do casamento, que tem o dever da fidelidade, mas também pode haver o dever de indenizar por determinação do judiciário. Pelo relato da traída, o homem teria saído e deixado os filhos sozinhos e sem assistência. Inicialmente, ela pode processá-lo por danos morais, por ele ter a traído, pois existe jurisprudência para isso. Em outro ponto, ela deve entrar com uma ação de alimentos em favor dos filhos, para que ele dê assistência aos filhos.
PORTAL TUCUMÃ: E a funcionária envolvida, como fica sua situação?
PENÉLOPE ANTONY: No caso da funcionária envolvida na situação, também pode pedir indenização, a depender do direito de imagem arranhado. Nesse caso específico da mulher, caso ela for demitida, ela pode pedir a indenização da traída, para os rever os danos morais e matérias, assim como se ela sofrer outro tipo de dano.
Há também a possibilidade de pleitear injúria e difamação, porque a esposa traída gritou para todo mundo, foi para as mídias sociais, dizendo que a funcionária era uma prost*t*t*, e palavras de baixo calão. Injúria e difamação são crimes, embora de menor potencial ofensivo, mas são crimes, e em decorrência desses crimes e ao fazer queixa, ela teria mais uma indenização, fora da questão da perda do emprego.
E para finalizar, a psicóloga Mari Reis falou sobre o tema da traição e as marcas deixadas, entre homens, mulheres, e até mesmo nos filhos do casal. Ela falou sobre algumas experiências reais vividas no consultório e das feridas emocionais que esse ato causa nas vítimas.
PSICÓLOGA MARI REIS: Vamos lá falar de um assunto que acomete homens e mulheres: ninguém está livre de viver uma traição. Sempre falo que traição é uma ferida na alma de quem vive, é uma das piores catástrofes de uma vida à dois, e quando isso acontece ele não traiu só a esposa, ele traiu uma família toda, matando lentamente essa mulher, humilhando, destruindo sua autoestima, tirando muitas vezes a alegria de viver. E na maioria das vezes, a traída é vista como a louca, desequilibrada e no final, os traidores ainda saem como vítimas, e a vítima se torna vilã da traição, a culpada pelo término de um relacionamento que já estava fazendo mal para mesma.
O homem ainda se sai como “garanhão”, presente de Deus, ele deveria no mínimo indenizar a ex esposa traída e pagar tratamento psicológico, porque ele destruiu o, a saúde emocional dessa mulher que tenho certeza que está so as cinzas. Se nossas leis funcionassem, é claro.
Em nome do programa me disponibilizo a acolher essa mulher, oferecendo 4 consultas 0800. Meu contato profissional 98196-4142 Psicóloga Mari Reis.
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