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Atraso de três meses para assinar contrato impediu 100 milhões de doses da CoronaVac até maio

Diretor do Butantan contou à CPI que declaração de Bolsonaro contra a CoronaVac, em outubro, travou negociações. Governo federal e o instituto assinaram o acordo da venda de doses em janeiro de 2021
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Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (27), o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a demora de três meses na contratação da CoronaVac, vacina produzida entre o instituto e a farmacêutica chinesa Sinovac, impediu que 100 milhões de doses da vacina fossem entregues até maio deste ano.

Covas também relatou um primeiro contato do instituto no dia 30 de julho, quando, nessa primeira oportunidade, havia uma previsão de entrega de 60 milhões de doses até dezembro do ano passado. O governo brasileiro, nas duas ocasiões, recusou.

De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento foram disponibilizadas 47 milhões de doses da CoronaVac – ou seja, menos da metade do que o inicialmente previsto.

À CPI, Covas apresentou o contrato oferecido ao Ministério da Saúde em 7 de outubro – uma versão parcial do documento acabou sendo firmada em janeiro desde ano e atualizada em fevereiro.

“Na presente oportunidade representamos a oferta de 100 milhões de doses da vacina contra o coronavírus a este ministério. Deste total, 45 milhões serão produzidos no Instituto Butantan em dezembro de 2020, 15 milhões de doses estarão prontas até o final de fevereiro de 2021 e 40 milhões adicionais poderão ser obtidas até maio de 2021 mediante manifestação imediata deste ministério”, leu o diretor do instituto.

Dimas Covas relatou uma série de reuniões com representantes do Ministério da Saúde. Estava previsto para o dia 20 de outubro o anúncio da aquisição da CoronaVac. “Seria até uma comemoração capitaneada pelo então ministro da Saúde [Eduardo Pazuello] no anúncio dessa vacina”, lembrou.

Na véspera do evento, porém, o presidente Jair Bolsonaro deu entrevistas e divulgou em suas redes sociais que havia mandado cancelar o contrato. “Não abro mão da minha autoridade”, reforçou o presidente, na ocasião.

O então ministro Pazuello, na sequência, gravou vídeo ao lado de Bolsonaro no qual dizia: “É simples assim. Um manda e o outro obedece”.

Depois disso, contou Covas, “as tratativas não progrediram”, apesar das “insistências em contatos”.

À CPI, na semana passada, Pazuello disse que as declarações de Bolsonaro não afetaram as negociações com o Butantan.

Mudança no cronograma
O contrato com o Instituto Butantan acabou firmado em 7 de janeiro. No entanto, disse Dimas Covas, o documento inicial, com previsão de 100 milhões de doses, “saiu do sistema” e foi substituído por um contrato de 46 milhões de doses, com a opção de outras 54 milhões – esse adicional apenas foi firmado em fevereiro.

Covas afirmou que as “idas e vindas” do governo brasileiro “mudou completamente o cronograma”.

“Se nós tivéssemos a assinatura dos contratos com quantitativo maior, de 100 milhões, o cronograma seria outro. Poderia ter sido cumprido atá maio, mas isso se houvesse sinalização lá em outubro. Em janeiro já havia existia escassez mundial da vacina. A própria Sinovac já tinha contratos com o governo da China, já tinha contratos com outros países e nós entramos em outra negociação”, afirmou.

Com informações do G1

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