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Boi ressuscitado dos mortos: Você conhece a verdadeira história do Festival de Parintins?

Confira toda a linha do tempo dos bois-bumbá até a chegada no Festival de Parintins
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(Foto: Divulgação/Governo do Amazonas)

Manaus (AM) – Na maioria das vezes em que você ouvir a cidade nascida da ilha de Tupinambarana tendo seu nome citado, provavelmente a conversa gira em torno do grande Festival de Parintins, o maior evento folclórico do Amazonas e com toda certeza um dos maiores do Brasil. Aproveitando a abertura da festividade, que ocorre às 20h desta sexta-feira (28), o Portal Tucumã conta a fantástica história de sua origem, envolta por mistérios indígenas, ameaças de morte e línguas de boi cortadas.

Voltando um pouco mais de 300 anos no tempo, em meados do século XVIII, quando o gado se tornou um dos pilares da economia em meio à escravidão, uma lenda começou a tomar força no nordeste brasileiro, após as famílias da região ficarem maravilhadas com uma notícia incomum: o boi de um fazendeiro havia ressuscitado dos mortos.

A lenda do bumba meu boi

Diz a lenda que o casal de escravizados Pai Francisco e Mãe Catarina estavam esperando um bebê e, em certo dia, a grávida sentiu o forte desejo de comer língua de boi. Empenhado em agradar à mulher e possivelmente com medo que seu filho nascesse com características bovinas, caso não atendesse à vontade da gestante, Francisco tomou uma atitude que quase o levou à morte.

Escondido, o homem agarrou o boi, propriedade do senhor de engenho que o mantinha escravo na fazenda, e cortou-lhe a língua. Ao saber do ocorrido, o fazendeiro ameaçou o casal, afirmando que, caso o boi viesse a morrer, Francisco e Catarina morreriam juntos.

Temendo a morte iminente, o casal já havia aceitado que viveria seus últimos dias de vida, sem ter a chance de ao menos conhecer o bebê que tanto esperavam. Porém, em determinada noite, algo sobrenatural aconteceu, em meio aos esforços do dono do boi, médicos e curandeiros que se mobilizaram para cuidar do animal.

Durante um ritual realizado por um pajé local, o boi teria inexplicavelmente voltado à vida, momentos após ter morrido. Com a imensa alegria que tomou conta da fazenda inteira, o senhor de engenho perdoou Francisco e Catarina e espalhou a notícia para todos.

Assim como o boi trazido de volta do mundo dos mortos, festividades também ganharam vida nas ruas nordestinas, após a lenda se firmar no imaginário da população. Uma celebração em especial foi fundamental para a formação do astro de dois chifres tão amado na cultura amazonense, a dança “bumba meu boi”.

No Maranhão, os moradores cantavam e dançavam em torno da alegoria de um boi, celebrando a ressurreição do animal. A atração foi ficando cada vez mais conhecida, atraindo mais pessoas, que se encantavam com as músicas, brincadeiras e histórias contadas.

Como chegou no Amazonas?

Já no Amazonas, a cultura do “bumba meu boi” foi trazida pelos imigrantes maranhenses, que vieram em busca de prosperidade, durante a “belle-époque amazonense” do século XX, sustentada pela economia da borracha. Aqui a tradição ficou conhecida como Boi-Bumbá.

Sendo abraçado pelos nortistas, o Boi-Bumbá só foi ganhando cada vez mais notoriedade em todo o estado. Nas ruas, os brincantes passeavam à noite levando bois feitos de panos enfeitados e animais de verdade. Vendedores batiam nas portas das casas para oferecer língua de boi em troca de um pouco de dinheiro.

Foi no ano de 1913, que os bois Caprichoso e Garantido foram finalmente criados. O defensor das cores vermelho e branco foi pensado e criado por Lindolfo Monteverde, enquanto o boi de cores azul e branco foi fundado pelos irmãos Roque, Felix e Raimundo Cid. 

Inicialmente a disputa entre os rivais acontecia informalmente nas ruas das cidades, algumas décadas antes de integrarem a grade de atrações do que viria a se tornar a morada dos bois-bumbá: o Festival de Parintins.

O início do festival se deu no ano de 1965, quando um grupo de jovens da Juventude Alegre Católica decidiu se reunir para criar o Festival Folclórico de Parintins com o intuito de juntar os dois bois em uma competição para arrecadar recursos destinados à construção de uma catedral para Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade.

Apesar dos esforços dos jovens, os bois Caprichoso e Garantido só vieram a competir no ano seguinte, em 1966, com um duelo oficial entre os rivais no festival.

Com a crescente relevância do evento na cultura amazonense, o Festival de Parintins teve sua organização assumida pela prefeitura da cidade no ano de 1975, o que garantiu mais recursos e possibilidade de expansão à festa.

E foi em 1988 que o Governo do Amazonas decidiu construir o Bumbódromo, uma arena de espetáculo em formato de boi dividida em azul e vermelho, para a disputa. Porém, o festival não parava de crescer, atraindo cada vez mais público, o que resultou em mais expansões na estrutura ao longo dos anos.

Nos dias de hoje, com suas apresentações oficiais que ocorrem anualmente no festival, cada boi tem o tempo mínimo de duas horas de performance e o tempo máximo definido em duas horas e 30 minutos. Uma das principais regras durante a competição, é a de que a “galera”, como é denominada a torcida da agremiação, deve ficar em silêncio enquanto o rival se apresenta. Se houver qualquer tipo de manifestação, o boi pode ser punido.

Nesta edição, cada boi defende um tema específico em suas apresentações. Enquanto o Caprichoso representa a “Cultura, o Triunfo do Povo”, o Garantido apresenta “Segredos do Coração”.

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