Manaus – O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) escolheu na última segunda-feira (15) o médico Marcelo Queiroga para substituir o general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde. Eles se reuniram no Palácio da Alvorada, em Brasília, e “acertaram os ponteiros”.
“Bota casaco, tira casaco”
Recentemente o Brasil completou um ano de combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Até aqui, vários eventos aconteceram durante esse período, entre eles: a constante troca de ministros do governo Bolsonaro.
Bolsonaro iniciou sua gestão com Luís Henrique Mandetta à frente do Ministério da Saúde. O então ministro se mostrava esforçado na luta contra a doença, porém, os brasileiros testemunhavam uma guerra de egos nos bastidores.
Nos corredores de Brasília, o presidente discordava das opiniões do então ministro e, após várias reuniões, foi demitido do cargo.
Logo em seguida, o médico Nelson Teich foi anunciado para o cargo e a escolha era cercada por muitas expectativas. Entretanto, ele não “aguentou a pressão” e pediu para sair do ministério, antes de completar um mês no cargo.
Após assumir o ministério de forma interina, o general Eduardo Pazuello assumiu a pasta em definitivo. Constante defensor do “tratamento precoce”, o novo ministro sofreu várias críticas, principalmente com a falta de oxigênio no Amazonas e o atraso na vacinação contra a Covid-19.
Bolsonaro se viu pressionado pelo “Centrão” e resolveu agir antes que algo acontecesse. Pazuello deixou o cargo e, pelo visto, não fará falta.
Recorde
A escolha Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde acontece no mesmo dia que o Brasil registrou 1.275 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando a marca de 279.602 vidas ceifadas em decorrência do vírus.
Com isso, são 54 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, 20 dias acima de 1,1 mil, e pelo décimo sexto dia a marca aparece acima de 1,2 mil. Foram 17 recordes seguidos de 27 de fevereiro até aqui.
2022 é logo ali
Coincidência ou não, a escolha de Jair Bolsonaro acontece dias depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou as condenações do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. Diante do caso, ele fica elegível e pode disputar um pleito eleitoral.
Nos últimos dias Bolsonaro tem se mostrado um defensor das vacinas contra a Covid-19 e tem feito aparições públicas de máscara, diferente de outras ocasiões em que criticou as medidas de prevenção.
Segundo o professor e cientista político, Carlos Santiago, o atual presidente do Brasil deve estar mirando nas Eleições 2022.
“Jair Bolsonaro vem buscando se mostrar como um governante que está preocupado com a vacinação em massa e com as boas recomendações sanitárias. Inclusive, usando máscara em eventos e mudando o ministro da saúde, que pode ter um papel mais atuante, buscando uma sintonia de trabalho com os governadores e com a comunidade científica”, disse.
Carlos Santiago reitera que a população deve decidir o voto “sem interferência da Justiça ou da polícia”.
Por João Paulo Castro
Foto: Adriano Machado/Reuters; Júlio Nascimento/PR; Sérgio Lima/Poder 360; e Divulgação/Agência Senado
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