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‘Cada vez mais a gente consegue ser a gente’, diz Bárbara Paz após se assumir como pessoa não-binária

A atriz não se identifica dentro dos termos dos gênero; entenda
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Bárbara Paz contou que se reconhece como pessoa não-binária, não se identificando dentro dos termos de gênero masculino ou feminino.

Em entrevista ao podcast “Almasculina”, Barbara contou como foi o processo de se descobrir.

Sou uma pessoa inquieta. Uma mulher, um homem, não-binária. Descobri que sou não-binária há pouco tempo. Um amigo meu falou que eu era, e eu acreditei, entendi. Sou uma pensadora, uma diretora, uma cineasta, uma atriz, uma pintora, uma escritora. Nas horas vagas a gente tenta tudo com as mãos, com a cabeça, com o cérebro e com a imaginação.

Bárbara disse que ainda segue tentando compreender mais quem é.

Não sei bem quem eu sou. Se tiver alguma referência para me dizer quem eu sou, ainda estou em busca. Sou muitas coisas. Sou muitos, muitos, muitas. É difícil dizer quem você é para se apresentar. Sou uma pessoa de fazer o que tenho dentro, o que não é pouco.

Barbara Paz - Tristan Fewings/Getty Images - Tristan Fewings/Getty Images
Bárbara Paz faz protesto pela Amazônia no tapete vermelho do Festival de Veneza, na Itália, 2019

Recentemente, Demi Lovato também contou se reconhecer como pessoa não-binária e disse preferir usar pronomes neutros — que em inglês são “”they/them” (eles/deles, na tradução) e serve para se referir a homens, mulheres e pessoas não-binárias.

Já o português é uma língua com estrutura binária e usa pronomes e artigos que indicam gênero aos sujeitos e substantivos. Mas há mecanismos que podem ser utilizados para respeitar pessoas não-binárias.

Na entrevista, Bárbara não contou como prefere se referir — com ou sem uso de pronomes.

Quando ouvi esse discurso do não-binário, do transgênero, pensei: ‘Será que se tivesse escutado isso com 12 ou 13 anos, eu teria achado que eu era pelo fato de eu sentir isso?’. E não estou falando de sexualidade, mas de sensação. Às vezes eu me olhava no espelho e me sentia um garoto. Eu me olho no espelho hoje e sou uma mulher com peito, bunda, curvas… E você fala: ‘Nossa, é superestranho’. Muitas vezes. Não é que eu não gosto. É estranho às vezes. E às vezes eu gosto. Então, gosto de ser menino e de ser menina. Pode? Hoje pode! Então hoje chama não-binário? Isso! Nossa, que legal! Então, está tudo certo eu falar isso? Não. Então, cada vez mais a gente consegue respirar e ser a gente. E isso não tem a ver com sexualidade, se gosto de mulher ou de homem. Gosto de pessoas.

Sua trajetória teve momentos em que questionou o que lhe era passado sobre identidade, segundo conta. Suas referências masculinas foram os médicos que cuidaram da mãe, morta quando Barbara tinha 17 anos, e, nas suas palavras, por assumir tarefas em casa ainda muito criança.

Eu acho que eu fui o homem da casa. Mesmo sendo a criança, eu me sentia responsável por cuidar da casa. Sempre tive cabelo curto, fui muito magra. Não tinha tênis, tinha um Kichute. Eu tinha que usar um vestidinho para agradar à minha mãe. Só que eu detestava aquele vestidinho amarelinho. Sempre quis agradar muito. Então, eu era metade menino, metade menina. Por isso falei: cresci assim. Eu era uma indefinição. Sou muito feminina, tenho os traços femininos: lourinha, toda princesinha, ‘ai que bonitinha, toda pequenininha’. Agora não sou mais tão pequenininha. Mas esse lado masculino, de ser moleque, menino, nasceu comigo.

Já sobre sexualidade, Bárbara disse ter tido pouco contato com a discussão.

Tudo o que aprendi foi lendo em revistas. Não se falava disso. Se falavam, não me lembro, porque eu nunca me questionei muito. Se é homem ou mulher, do que você gosta. Para mim, você gosta de pessoas.

Com informações do UOL.

Foto: Reprodução

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