Chegou a 14 o número de estados que registram bloqueios ou tentativas de paralisação em rodovias federais, nesta quarta-feira (8/9), subindo o nível de alerta de transportadoras e mercados. Alguns postos já começaram a ficar sem combustíveis.
O movimento é organizado por caminhoneiros autônomos, um dia após manifestantes pró-governo pedirem, dentre outras pautas, o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, em diversos atos pelo país. Além desses temas, os motoristas que aderiram à paralisação cobram a redução dos impostos e do preço dos combustíveis.
Boletim emitido na noite desta quarta pelo Ministério da Infraestrutura, com dados da Polícia Rodoviária Federal, revela que o quadro se deteriorou rapidamente durante o dia. No início da tarde, havia registros de problemas em quatro estados. Na nota sobre a situação às 20h30, contudo, o número de estados com pontos de concentração em rodovias federais chegou a 14 estados, dos quais 12 “com abordagem a veículos de cargas”.
O texto, que não revela os estados da lista, prossegue: “Outras pautas regionais, indígenas e de produtores locais também foram registradas”. O Metrópoles apurou 10 estados com problemas detectados: Goiás, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, Maranhão, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A Polícia Rodovia Federal INFORMA – Há pontos de manifestação nos seguintes municípios: BR 277 KM 7 – PARANAGUÁ/PR, BR 476 KM 195 – LAPA/PR, BR 376 KM 188 MARINGÁ/PR, BR 376 KM 109 -PARANAVAÍ/PR, sem previsão de término.
— PRF no Paraná (@PRF191PR) September 8, 2021
Em Santa Catarina, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) computou, nesta tarde, ao menos 16 pontos de bloqueio em quatro rodovias federais. No Espírito Santo, há mobilizações em ao menos 10 pontos.
Em Tocantins, a PRF informou ao Metrópoles que um grupo de pessoas fechou a rodovia em Araguaína, utilizando pneus e um caminhão. “Ao que parece, nem todos são caminhoneiros. Esse grupo está impedindo a passagem de caminhões pela rodovia. A PRF já está no local tomando as devidas providências”, detalhou.
Em Goiás, a PRF registra os seguintes pontos com manifestações nas rodovias federais:
“- BR-153, em Itumbiara, na região sul do estado:
bloqueio parcial da via por veículos de carga, com uma das faixas liberadas para carros de passeio, cargas perecíveis e transporte de passageiros.
Em Santa Rita do Araguaia, na BR-364, região sudoeste do estado, há manifestantes que chegaram a bloquear parcialmente a rodovia, mas, no momento, o trânsito flui normalmente, sem interdições.
Em Campo Alegre de Goiás, BR-050, há manifestantes às margens da rodovia, sem interdição. Trânsito flui normalmente.
PRF nos locais acompanhando e monitorando as movimentações, negociando para liberação total da via.”
Em Mato Grosso do Sul, segundo a PRF, a interdição é organizada por indígenas. Ao menos dois pontos ainda estavam bloqueados no fim desta tarde, e outros cinco foram liberados.
— PRF_ES (@PRF191ES) September 8, 2021
No Rio de Janeiro, o fim da tarde viu a tensão aumentar. A PRF atende a duas ocorrências em pontos distintos do estado. Em Seropédica, no km 13 da BR-465, sentido RJ, cerca de 40 manifestantes tentam parar os caminhoneiros para possível bloqueio da rodovia. Eles pedem para os motoristas ficarem parados ao menos até amanhã, por “apoio a Bolsonaro e contra o STF”. Diversos caminhões estão estacionados na via lateral, num espaço de 1,5 km, ainda não prejudicando o trânsito.
Preocupação
Em nota, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) manifestou “total repúdio” às paralisações organizadas por caminhoneiros, no ato que teria sido organizado por influência de supostos líderes da categoria.
“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, explicou a entidade.
Segundo a NTC, o bloqueio nas rodovias poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, “com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas, inclusive os de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos, combustíveis etc.”.
A associação disse também esperar que os governos estaduais e federal adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional.
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