As amigas Bruna Rafaela Vellasquez, de 18 anos, e Monique Medeiros de Almeida, de 19, que morreram após caírem de uma cachoeira de 30 metros, teriam se desequilibrado ao tentar fazer uma foto, acredita um familiar. O acidente aconteceu anteontem em Lages, Santa Catarina. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte e verificar a possibilidade de crime.
Elas estavam acompanhadas de outras dois amigos. O grupo saiu para aproveitar o último fim de semana das primeiras férias de Monique como profissional — ela cursava enfermagem e trabalhava como secretária administrativa em uma hamburgueria de Lages. Bruna atuava como maquiadora.
Segundo a 5ª Companhia do Batalhão de Aviação de Lages, que participou da ocorrência, as amigas “estavam na beirada da cachoeira”, quando uma das jovens escorregou e a outra tentou ajudá-la, mas acabou se desequilibrando e caindo junto com a amiga na parte inferior da cachoeira.
Bruna morreu antes da chegada do resgate. Monique ainda foi retirada com vida do local do acidente, mas faleceu a caminho do hospital. “O que sabemos é que elas saíram com este grupo de amigos. As duas estavam tentando tirar fotos no alto desta cachoeira. Uma escorregou e a outra tentou ajudar, mas acabou caindo junto”, comentou o irmão de Bruna, Eduardo Vallasquez, de 27 anos.
O sepultamento de Bruna ocorreu ontem, em Lages. Já Monique será enterrada hoje, já que o corpo foi liberado somente depois de 24 horas após o acidente. A despedida também ocorrerá na mesma cidade.
Monique celebrava as primeiras férias
Estudante de enfermagem, a jovem Monique estava no primeiro emprego de carteira assinada após completar os 18 anos. Ela começou como operadora de caixa em uma hamburgueria, mas foi deslocada para a função de secretária administrativa após revelar ao chefe que tinha o sonho de cursar medicina.
“Ela entrou aqui muito jovem, com 18 anos, e ficou por muito tempo no caixa, sempre muito atenciosa e esforçada. Nunca faltou no emprego e neste ano revelou que gostaria de fazer cursinho preparatório para entrar em medicina. A chamei para o setor administrativo para ela ter mais tempo de estudar”, relatou Dmitri Arruda, de 27 anos, amigo e proprietário do estabelecimento onde a jovem trabalhava.
Monique retornaria ao trabalho amanhã. Muito querida pelos colegas de trabalho, o estabelecimento não abriu as portas ontem em luto à funcionária. O UOL não conseguiu contato com a família da jovem.
Bruna vivia sonho de ser maquiadora
A jovem Bruna Vellasquez completaria 19 anos em 28 de setembro. Era considerada por parentes como uma pessoa de alto astral. Após terminar o ensino médio, ela fez cursos de estética para ganhar o próprio dinheiro. Com a divulgação dos serviços nas redes sociais, estava conseguindo fazer a renda e ajudar em casa.
“A Bruna era bem alegre. A todo momento gostava de sair para viajar. Era movida assim. Gostava muito de maquiagem, fez bastante curso e adorava mexer com isso. As redes sociais dela eram sempre abastecidas com os serviços que fazia”, comentou Eduardo Vellasquez, irmão da maquiadora.
O modo alegre de ser da jovem era uma de suas principais marcas — e o motivo porquê era tão querida pelos familiares. “É um momento muito difícil para a família. Pessoas que nunca vi chorar se emocionaram ontem. A Bruna sempre transmitia muita paz e demonstrava ser bastante parceira de suas amizades e dos familiares”, complementou a prima, Emilly Vellasquez.
Polícia abre inquérito para saber causas do acidente
A 3ª Delegacia Regional de Lages instaurou inquérito para saber as causas da morte das amigas na cachoeira. A princípio, a Polícia Civil acredita que o caso tenha sido uma fatalidade.
“Toda morte que destoa da normalidade é investigada, isso é de praxe. Por mais que estas mortes, a princípio, não tenham contornos de uma prática criminosa, é importante abrir o inquérito policial para saber se houve crime e se tem autor. Formalizamos a investigação por uma questão de cautela, mas a princípio se mostra uma fatalidade”, explicou o delegado Fabiano Schimdt.
Os amigos que estavam com Bruna e Monique deverão ser ouvidos, ainda com data a ser definida pela Polícia Civil.
O local onde as jovens morreram é de difícil acesso, sendo possível chegar somente por meio de trilha. A visitação da cachoeira é proibida por não haver proteção adequada.
No dia do acidente, as vítimas compartilham uma foto dentro de um carro, na estrada, possivelmente a caminho da cachoeira. Posteriormente, uma das pessoas que foi marcada na publicação das vítimas também divulgou uma foto de um grupo. No clique, é possível ver duas pessoas sentadas em uma parte mais alta, enquanto outras pessoas aparecem na parte inferior do local.