Manaus – Na noite desta quinta-feira (4) vários moradores de Parintins, distante a 369 quilômetros da capital, se reuniram com o objetivo de homenagear mais um filho que faleceu vítima da Covid-19. O artista plástico Júnior de Souza, popularmente conhecido como “Considerado”, recebeu o carinho e aplausos da população em sua despedida nas ruas do município.
O corpo do artista chegou no Aeroporto Júlio Belém, na Ilha Tupinambarana, por volta das 18h45. Ele foi velado no Curral do Boi Garantido, na Baixa do São José, e seguiu em cortejo nas ruas do município.
Emocionados, familiares e amigos do artista se despediram daquele que, por mais de 30 anos, dedicou sua vida em prol da arte e protagonizou momentos inesquecíveis no Festival Folclórico de Parintins.
Júnior de Souza também era conhecido como “Mestre dos Rituais”, alcunha que ele ganhou ao longo de sua trajetória por apresentar belíssimas alegorias na arena do Bumbódromo.
Durante as homenagens, o Boi Garantido fez sua evolução em respeito e homenagem ao “Considerado”, chamando atenção do público presente.
O cortejo também seguiu para o Curral Zeca Xibelão, reduto do Boi Caprichoso, na rua Gomes de Castro, área central de Parintins. Edmundo Oran, apresentador do bumbá, entoou canções da nação vermelha e branca em homenagem ao artista.
Tratamento
O artista Júnior de Souza testou positivo para Covid-19 em janeiro deste ano. Inicialmente ele fez tratamento domiciliar, mas precisou ser internado no Hospital Jofre Cohen, unidade referência no combate à pandemia em Parintins.
Porém, o quadro clínico do “Considerado” se agravou e ele precisou ser transferido para outra unidade hospitalar. Júnior continuou seu tratamento no Hospital do Rocio, região metropolitana de Curitiba, por 27 dias.
Ele apresentou uma piora no quadro clínico e não resistiu às complicações causadas pela doença. A morte do artista foi divulgada na última segunda-feira (1°) pela sua esposa, Milena de Souza, em comunicado divulgado nas redes sociais.
Trajetória
Júnior de Souza soma diversos trabalhos no Festival Folclórico de Parintins, principalmente no Boi Garantido. Ele fez sua estreia em 1995 e desde lá, foi responsável por momentos inesquecível.
Ele é considerado um dos melhores artistas na história do bumbá, sendo o criador de grandes trabalhos, entre eles: o ritual Xikrin, a nação que veio do céu, o ritual Deuses Canibais, o ritual Wari, a lenda amazônica Fera das Águas, e o ritual Turé, no Boi Garantido.
No ano de 2019 comandou a Comissão de Artes do boi vermelho, sagrando-se campeão no festival daquele ano.
Júnior de Souza também soma trabalhos no Boi Caprichoso. Ele integrou o Conselho de Artes, sendo diretor de cenografia, e construiu alegorias ao lado de sua equipe.
Em território azulado, produziu os rituais Cãoera – O Senhor das Sombras, Tocaia Kagwahiva, o Ritual Antropofágico Tupinambá e o Ritual de Iniciação Tariana (Traidor).
Foto: Reprodução/Boi Garantido; Divulgação; Pedro Coelho
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