Pode haver em torno de 850.000 criminosos sexuais de crianças à espreita no Reino Unido, afirma um novo relatório. O número de pedófilos é três vezes maior do que se pensava anteriormente, mas ainda pode ficar aquém da escala real da ameaça.
Em sua Avaliação Estratégica Nacional anual, a National Crime Agency (NCA) declarou no ano passado que havia 300.000 indivíduos pedófilos no Reino Unido que representavam “uma ameaça sexual para crianças”. Enquanto 35.000 estavam sendo gerenciados pela aplicação da lei, o restante estava ativo online, na chamada ‘dark web’, elaborou o relatório.
Este ano, os números foram revisados para cima dramaticamente. Usando uma nova metodologia que a NCA afirma captar melhor o número de criminosos sexuais ativos online, a organização estimou que qualquer lugar entre 550.000 e 850.000 criminosos pode estar baseado no Reino Unido. Dessas ameaças potenciais, pouco menos de 75.000 foram “marcadas” pela aplicação da lei.
Os pesquisadores da NCA disseram que sua metodologia deve ser tratada com “confiança moderada”. Se a estimativa superior estiver correta, no entanto, uma em cada 77 pessoas no Reino Unido pode representar uma ameaça para as crianças.
Suas ofensas preenchem um amplo espectro, “desde baixar e compartilhar imagens indecentes de crianças até abuso por contato direto”, diz o relatório.
No entanto, a verdadeira escala do problema pode ser ainda maior. O relatório observa que o número final exclui “infratores fora do Reino Unido que visam às vítimas do Reino Unido” e infratores “pares” , ou seja, menores que abusam de outros menores.
Com a maioria dos criminosos à espreita online, a NCA citou a criptografia como o principal obstáculo enfrentado pela aplicação da lei para rastrear e apreender criminosos sexuais infantis. Os planos do Facebook de introduzir criptografia de ponta a ponta em suas mensagens beneficiariam os criminosos sexuais, afirmou a NCA, citando o exemplo de David Wilson, um “criminoso online prolífico” e famosos entre os pedófilos, acusado no ano passado de 96 crimes sexuais contra meninos de cinco anos.
Wilson criou identidades falsas no Facebook, passando-se por adolescentes para atrair as vítimas para o envio de imagens obscenas e chantageando algumas de suas vítimas com essas imagens. As evidências fornecidas pelo Facebook, incluindo cerca de 250.000 mensagens, foram fundamentais para enviar Wilson para a prisão por 25 anos.
A NCA alertou que a criptografia tornaria esses processos mais difíceis e “significaria que outros infratores como Wilson não seriam detectados”.
O tema anti-criptografia continuou ao longo do relatório, com mensagens seguras identificadas como uma ferramenta fundamental para criminosos organizados de todos os tipos, de traficantes de seres humanos a fraudadores e traficantes de drogas. A criptomoeda também foi nomeada como um mecanismo de lavagem de dinheiro comumente usado.
O fato de a polícia se opor à criptografia não é surpresa. No entanto, qualquer tentativa do governo de proibir a prática enfrentaria forte oposição de grupos de liberdades civis, que frequentemente citam a importância da criptografia para jornalistas, denunciantes e ativistas.
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