Pesquisar
Close this search box.
[views count="1" print="0"]

Famílias de outros Estados vivem o drama da falta de oxigênio hospitalar

Os outros estados do país vivem o drama das famílias pelo qual passou o Estado do Amazonas e a capital Manaus, enquanto foi epicentro da covid-19 no país
Especial Publicitário
Famílias de outros estados vivem o drama da falta de oxigênio hospitalar
Famílias de outros estados vivem o drama da falta de oxigênio hospitalar

Com hospitais lotados e a falta de insumos, famílias de pacientes da covid-19 têm se desdobrado para conseguir atendimento, insumos e leitos, às vezes sem ter dinheiro para pagar pela estrutura. Em alguns casos, parentes até adaptam quartos dentro de casa, e pela internet, vaquinhas também se multiplicaram no último mês.

Os outros estados do país vivem o drama das famílias pelo qual passou o Estado do Amazonas e a capital Manaus, enquanto foi epicentro da covid-19 no país.

Leia as histórias das famílias ao redor do Brasil:

Regina Reis, de 36 anos, descreve o que passou por causa do coronavírus. “Como se, a cada segundo, estivesse perdendo um pouquinho de vida.” Hoje, a diarista se recupera bem, mas pensou que não resistiria.

De Santo Antônio do Descoberto (GO), a 50 quilômetros de Brasília, ela notou os primeiros sintomas há duas semanas. Junto com o marido, foi a dois postos de saúde e dois hospitais – em um deles recebeu atendimento. “Doze horas em um banco duro, com o soro na mão. Por volta das 6 horas da tarde, falaram que poderia permanecer ali (sentada) ou ir para casa, que não tinha leito.” Regina repetiu o procedimento nos dias seguintes. “Tinha pessoas em macas, cadeiras, gente debilitada e sem ter nem onde sentar.”

O quadro se agravou com o passar dos dias e ela não tinha mais forças para ficar sentada. Regina conta ter falado com alguém do hospital, chorando, que não poderia morrer, pois tem três filhos. “Ela falou: ‘não é só você, são muitos'”, narra.

Em casa, Regina disse não se lembrar dos três dias seguintes, “até que um anjo ouviu minhas preces e conseguiu um médico”. A chefe de sua irmã havia encontrado um médico particular, que topou teleconsulta. Ele deu orientações de remédios, monitoramento com oxímetro e tratamento com oxigênio medicinal “imediatamente”.

Um dos filhos de Regina criou vaquinha para juntar R$ 3 mil, estratégia adotada por muitas outra famílias, mas as empresas alegavam falta de cilindro. “Foram dois dias de angústia, sem ar, numa cama. Toda vez que levantava, achava que não voltaria”, diz ela. Conseguiram R$ 1,9 mil e o oxigênio chegou, além de doações de alimentos e outros itens. “Se não fosse o oxigênio e o médico, não estaria aqui”, diz.

Parentes também se mobilizaram para apoiar o aposentado Francisco Xavier, de 92 anos, de Teresina. Ele foi diagnosticado com a covid no dia 1º de março, em um teste feito na rede privada. “Precisávamos saber o mais rápido possível, pela preocupação de ser um idoso”, conta a neta , a pedagoga Erica Souza, de 31 anos.

Seu Francisco foi levado ao hospital, onde foi avaliado e mandado para casa. Dias depois, piorou. “A médica disse que precisaria ser internado, precisava de oxigênio, mas não tinha leito. Disse que ele poderia ficar na cadeira tomando oxigênio. Ficou o dia todo.” Depois, a família o levou para casa. Alugou cilindro de oxigênio e continuou com as medicações.

“Dia 16, ele acordou muito cansado. Chamamos o Samu, que disse não ter aonde levar meu avô, porque não tinha leito. Só se colocasse em uma cadeira e aguardasse. Ficamos desesperados”, conta Erica.

Um socorrista sugeriu buscar atendimento domiciliar privado. Dois médicos confirmaram a necessidade de UTI. Após novo chamado ao Samu, ele foi internado em leito improvisado na sala de curativos. Por orientação médica, a família comprou equipamentos para auxiliar na respiração e contratou fisioterapeuta. A transferência para a UTI nunca ocorreu – seu Francisco morreu dias depois. Os custos complementares, pagos em vários cartões de crédito de parentes, são de R$ 10 mil.

Viagem de 4 horas

O vendedor Gabriel Motta, de 20 anos, acredita ter contraído covid no trabalho, mas não teve sintomas graves. Já a mãe, Hebe, de 54 anos, teve no dia 25 um mal-estar, confundido pelos médicos com uma crise de asma. O quadro piorou dia 28, quando foi confirmado o diagnóstico de covid. Por ter diabete e hipertensão, ela foi internada, mas o leito clínico não foi suficiente.

“Trataram muito bem dela, mas faltavam recursos”, conta. Como havia fila de espera por transferência para a UTI, Motta não quis aguardar e, junto da família, telefonou para vários hospitais de São Paulo, públicos e privados. Depois de horas, a única alternativa foi uma instituição privada, mas no Paraná, a quase quatro horas de onde vive, em Piraju (SP).

Um tio pagou a caução do hospital e, para as demais despesas, foi criada uma vaquinha virtual, que obteve R$ 8 mil. Hebe foi transferida de ambulância. “A gente não é família rica, é de classe média. Se precisar vende casa, carro. A saúde em primeiro lugar”, destaca o filho. Para evitar custos adicionais, os parentes de Hebe seguem em São Paulo. “É uma angústia pra família. É duro estar longe”, diz.

A Secretaria de Saúde de São Paulo justificou a demora de atendimento às famílias por transferência na central de regulação à alta de 117% em pedidos de transferência, ante junho de 2020. “A regulação depende da disponibilidade de leitos e de condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino”, destacou, em nota.

Com informações do Estado de S. Paulo
Foto: Divulgação

Leia também: Agnaldo Timóteo antes de falecer gravou louvor a Deus: “O Escudo”, escute

Tags:
Compartilhar Post:
Especial Publicitário