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Garimpeiro é o principal transmissor de Covid-19 para os índios Yanomamis, aponta estudo

Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), quase 40% dos Yanomamis podem ser infectados pelos garimpeiros ilegais.
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yanomamis covid-19

Foto: Victor Moriyama/Isa

A Covid-19 continua a se espalhar pelas terras indígenas. Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e revisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que, no pior cenário, quase 40% dos Yanomamis podem ser infectados pelos garimpeiros ilegais.

O estudo, chamado “O Impacto da Pandemia em Terra Indígena Yanomami”, aponta os indígenas Yanomami e Yek’wana como os mais vulneráveis da Amazônia à Covid-19 e que, hoje, cerca de 20 mil garimpeiros são os “principais vetores” de contaminação do coronavírus nessas terras.

Com a alta cotação do ouro e a crise socioeconômica gerada pelo coronavírus, os pesquisadores estimam que a situação possa multiplicar os garimpos nas terras indígenas. Eles acompanham a atividade garimpeira ilegal através de imagens de satélite utilizados pelo Prodes-INPE e Deter-INPE. Os resultados do monitoramento mostram que, até o momento, 1.925,8 hectares de florestas já foram degradados pelo garimpo ilegal, sendo que, somente em março de 2020, cerca de 114 hectares de floresta foram destruídos por garimpeiros.

O garimpo, além de desmatar a região da floresta Amazônica, também pode levar a Covid-19 para cerca de 5.600 Yanomamis, que representam 40% da população que vive nessas áreas.

A contaminação entre indígenas está crescendo desde o primeiro caso confirmado pelo Ministério da Saúde, em 1º de abril. No boletim da pasta de 2 de junho, elaborado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena, já foram registrados 1.600 casos e 59 mortes de indígenas pelo coronavírus.

Segundo o monitoramento feito pelas redes Pró-Yanomami e Ye’kwana, com colaboração de outras organizações indígenas, foram registrados 55 casos confirmados e 3 mortes de indígenas Yanomami por Covid-19. No balanço do Ministério da Saúde, o número é de 51 casos e 2 mortes.

Campanhas

As organizações indígenas lançaram a campanha “Fora garimpo, fora Covid”, que foi divulgada nas redes sociais nesta semana. “Nós, Yanomami, não queremos morrer”, diz a campanha. “Ajude-nos a expulsar os mais de 20 mil garimpeiros que estão espalhando a Covid-19 em nossas terras.”

O Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami disse na campanha que quer viver “sem garimpo e com saúde”: “É preciso agir antes que seja tarde. Junte-se a nós para impedir que nossas famílias sejam contaminadas pelo Coronavírus, exigindo que as autoridades do Ministério de Justiça e Ministério da Saúde tomem medidas urgentes em conjunto com outros órgãos do governo para uma ação coordenada e com devidas precauções técnicas sanitárias a fim de promover a desintrusão total dos garimpeiros que ainda estão em nossas terras.”

Junto com a campanha, foi lançada uma petição online cuja meta é de 100 mil assinaturas. Assim que o número for atingido, o pedido será entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ao Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ao presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, ao ministro da Defesa e das Forças Armadas, Fernando Azevedo, ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e ao vice-presidente Hamilton Mourão.

A campanha #ForaGarimpoForaCovid foi elaborada pelo Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana e da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER), Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA). A campanha #ForaGarimpoForaCovid conta com o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Instituto Socioambiental (ISA), Survival International, Greenpeace Brasil, Conectas Direitos Humanos, Anistia International, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto Igarapé, Fundação Rainforest Noruega.

Por CNN Brasil

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