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Governo da China condena jornalista a 4 anos de prisão por cobrir pandemia de Covid-19 em Wuhan

O veredicto é o esforço mais recente do governo da China de punir quem expôs os problemas iniciais da resposta à pandemia.
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Governo da China condena jornalista a 4 anos de prisão por cobrir pandemia de Covid-19 em Wuhan
Governo da China condena jornalista a 4 anos de prisão por cobrir pandemia de Covid-19 em Wuhan

PEQUIM — O governo da China condenou a quatro anos de prisão uma jornalista cidadã que acusou as autoridades locais de Wuhan de acobertarem informações sobre as fases iniciais da pandemia da Covid-19. A condenação de Zhang Zhan, a primeira pessoa de que se tem notícia que foi a julgamento por noticiar e criticar a resposta à crise sanitária, vem em meio às tentativas chinesas de fortalecer sua narrativa oficial de sucesso no controle do coronavírus.

Zhang, que é advogada de formação, foi condenada na segunda-feira por um tribunal de Xangai, cidade onde mora, por “comprar brigas e causar problemas”, disse o jornal South China Morning Post, citando um de seus advogados, Zhang Keke. A condenação carrega uma pena máxima de cinco anos e é habitualmente usada para silenciar dissidentes.

Ela está presa desde maio, após fazer dezenas de postagens sobre a extensão da pandemia em Wuhan, o marco zero da Covid-19, para onde viajou em fevereiro. Alguns dos seus vídeos mostravam corredores de hospitais lotados de pacientes recebendo oxigênio e pessoas supostamente sendo cobradas por testes para a Covid-19 que deveriam ser gratuitos. No último deles, acusou o governo da China de “violar os direitos humanos”.

Segundo o advogado, o estado de saúde de Zhang é frágil e ela compareceu à audiência em uma cadeira de rodas. Ao canal americano CBS News, ele disse no início do mês que ela foi alimentada à força após iniciar uma greve de fome na prisão. Jornalistas e apoiadores da mulher que se reuniam nos arredores do tribunal foram afastados por seguranças e não puderam participar da sessão. Cerca de 10 pessoas foram levados à delegacia.

O veredicto é o esforço mais recente do governo da China de punir quem expôs os problemas iniciais da resposta à pandemia. Acusado de demorar a reconhecer publicamente o potencial de transmissão do novo vírus, o governo central foca na narrativa de seu sucesso posterior no combate à infecção. Após duras medidas de restrição e controle, o país viveu o segundo semestre de 2020 em relativa normalidade, enquanto a maior parte do planeta lutava para controlar o contágio.

Relatos similares sobre Governo da China

Os primeiros casos do vírus de que se tem notícia foram registrados no início de dezembro de 2019, mas foram relatados à Organização Mundial da Saúde (OMS) apenas no último dia do ano passado. Médicos de Wuhan que alertaram o público para a crise antes de as autoridades locais admitirem o que se passava, como Li Wenliang, foram reprimidos pela polícia.

A morte de Li, em fevereiro, mês em que a crise atingiu seu ápice, gerou um raro movimento público demandando liberdade de expressão e questionando o governo da China. Por mais que o governo eventualmente tenha abraçado a história do médico, caracterizando-o como um mártir, as medidas para silenciar críticos da resposta oficial continuaram.

Ao menos outros três jornalistas cidadãos foram presos e estão à espera de julgamento. Diversos outros, segundo a ONG Human Rights Watch, desapareceram da região. Até mesmo vozes mais moderadas, como a escritora Fang Fang, que manteve um diário da quarentena em Wuhan, foram censuradas.

As críticas — e as tentativas de silenciá-las — encorpam a narrativa promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus aliados, de que o governo central chinês minimizou a doença e permitiu que ela se tornasse uma crise global. Autoridades locais de Wuhan foram punidas e perderam seus cargos, mas não se sabe até hoje o nível de conhecimento que Pequim tinha na época sobre a letalidade do novo coronavírus. Uma missão da OMS deverá ir à China em janeiro para investigar a origem do vírus.

Julgamento na China

As tensões sinoamericanas ganharam novos tons no domingo após Trump assinar o projeto de socorro de US$ 900 bilhões para combater a pandemia e mais US $1,4 trilhão em financiamento de recursos do governo para o próximo ano fiscal. No pacote, estão incluídas medidas que aumentam o apoio a Taiwan, que a China vê como uma província rebelde, e ao Tibete.

Outro foco de desavenças entre Pequim e Washington é região chinesa semiautônoma de Hong Kong, onde o governo central aperta seu controle após os maciços protestos pró-democracia que tomaram a cidade em 2019. No fim de junho, a China impôs à cidade uma Lei de Segurança Nacional que, para críticos, viola a autonomia política, administrativa e judicial da cidade, onde desde 1997, quando foi devolvida pelos britânicos, vigora o modelo conhecido como “um país, dois sistemas”.

Nesta segunda, 10 cidadãos de Hong Kong foram a julgamento na China continental depois que o barco que usavam para fugir para Taiwan foi interceptado. Eles são acusados de cruzar fronteiras ilegalmente e estão sujeitos a até sete anos de prisão.

As 12 pessoas que estavam na embarcação, 11 homens e uma mulher, já enfrentavam acusações em Hong Kong por participarem dos protestos antigoverno. Autoridades chinesas afirmaram que, como dois dos acusados são menores de idade, enfrentarão julgamentos separados.

Diplomatas de países como EUA, Canadá e Austrália tiveram acesso negado ao tribunal após a corte alegar que a sala já estava lotada. Mais cedo nesta segunda, a embaixada americana em Pequim fez um apelo pela libertação dos acusados, que estão incomunicáveis desde que foram presos em agosto.

Com informações via O Globo
Foto:
Divulgação

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