O cientista político Helso do Carmo Ribeiro Filho analisou o panorama eleitoral para 2022 após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que anulou nesta segunda-feira (8) todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato.
Mesmo com a decisão de Fachin, ainda é cedo para dizer que Lula disputará a eleição presidencial para 2022. Mas é inegável que a possível entrada do político do Partido dos Trabalhadores (PT) no jogo político de 2022 ocasione diretamente uma maré de ânimos entre conservadores, liberais, sociais-democratas, progressistas e socialistas.
Em entrevista exclusiva ao Portal Tucumã, o cientista político Helso do Carmo Ribeiro Filho exemplificou a resposta para a pergunta que muitos fazem neste momento: “Que influência terá Lula em 2022?”.
Indagado sobre a possível disputa de Lula nas eleições de 2022, Ribeiro esclarece sobre a influência do ex-presidente a partir da recordação das três eleições presidenciais mais acirradas da história do Brasil:
“Pra começar, analisando as três eleições para presidente no país você recorda o seguinte: A eleição mais apertada foi a de 2014, entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). A petista ganhou o segundo turno com 51,64% dos votos, contra 48,36% do tucano. A diferença foi de apenas 3,28 pontos percentuais. A segunda mais acirrada foi a disputa em 1989 entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN). Collor ganhou com 53,03% dos votos, contra 46,97% de Lula (uma diferença de 6,06 pontos percentuais). Já a terceira, temos a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente do Brasil com 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A diferença, de 10,26 pontos percentuais”, recorda Ribeiro.
O cientista político continua a aprofundar o argumento, contextualizando as últimas eleições de 2018.
“Observando agora o caso da última eleição de 2018 pare e se questione: Quem era Fernando Haddad ? Praticamente um desconhecido que havia acabado de perder as eleições para o governo de São Paulo em 2016, com grande diferença pro João Dória. Na época, Dória ganhou com 53,29% dos votos. E Haddad, ficou em segundo, com míseros 16,68%”.
Ribeiro faz a conclusão sobre a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas adverte que o sentimento anti-petista ainda é grande e pode surpreender a esquerda petista radical caso haja um futuro turno entre Jair Bolsonaro e Lula.
“Vendo esses dados, você consegue perceber a influência política de Lula sobre o público eleitoral que ele representa, já que a mera indicação do político pode fazer um desconhecido para a maioria do país, como foi o Haddad, disputar a terceira mais acirrada eleição da história do Brasil. Imagine então um cenário em que Lula dispute nas próximas eleições em 2022. Ainda assim, é muito incerto o que possa vir a acontecer. O sentimento anti-petista ainda é muito grande”, revela o cientista político.
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