No último final de semana um vídeo mostrando um policial militar agredindo uma mulher com tapas tomou conta das redes sociais. No vídeo, o militar aparece visivelmente alterado, enquanto a vítima que estava trabalhando. Mas a dúvida que fica é: se fosse um homem, um traficante, esse policial agiria da mesma forma?
A abordagem, que ocorreu no bairro Mauazinho, na zona Leste da cidade, passou longe do comportamento que se espera de um agente durante uma ocorrência. Com atitudes consideradas fora de controle por quem assiste às imagens, o policial fugiu de todas as normas de abordagem e feriu, não somente fisicamente, a vítima. No vídeo é possível ver o momento exato em que a mulher é agredida covardemente, gerando revolta dos populares que estavam no local.
Porém, será que este mesmo policial teria essa atitude com um suspeito de maior porte físico? A resposta é: Dificilmente não! Casos como este, em que a abordagem é feita de forma abusiva, atingem muitas mulheres não somente aqui no estado do Amazonas, mas no país. Porém, este problema passa despercebido, principalmente porque muitas dessas vítimas simplesmente decidem se calar e deixar para trás a violência em que foram submetidas.
Após o ocorrido, a mulher, que não tinha passagem pela polícia, foi levada ao 14° Distrito Integrado de Polícia (DIP). Lá o policial disse que as agressões dele foram apenas uma forma de defesa contra a mulher, que, segundo ele, teria tentado agredi-lo. No vídeo não é possível ver a tentativa de agressão da qual o policial se disse vítima.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) informou que o policial já foi identificado e que ainda no final de semana foi afastado. Ele irá responder um procedimento administrativo instaurado pela Diretoria de Justiça e Disciplina da Polícia Militar. Ainda segundo a SSP, a instituição não compactua com nenhuma ação violenta contra o cidadão e nenhum tipo de abuso de autoridade.
Abordagem policial em mulheres
Entramos em contato com a delegada Débora Mafra, da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM) para esclarecer sobre abordagem em mulheres. De acordo com ela, estas abordagens devem ser feitas, de preferência por mulheres.
“O procedimento padrão, no caso de existir a suspeita de algum crime, é dar voz de parada. No caso, dessa suspeita ser mulher, se não tiver uma policial do sexo feminino entre os policiais da ocorrência, a abordagem poderá ser feita por um homem, mas lógico, com todo respeito que requer a abordagem”, disse a delegada. Ainda segundo Mafra, a integridade física sempre deverá ser preservada. “A violência sempre será errada, em nenhuma circunstância qualquer pessoa tem o direito de bater”, acrescentou.
Atos como este podem, e devem ser denunciados.
