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Morre Higino Tuyuka, líder indígena, vítima de Covid-19

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(Foto: Divulgação)

O professor e defensor indígena, Higino Pimentel Tenório, da etnia Tuyuka, de 65 anos, morreu de Covid-19 na noite da última quinta-feira (18). Ele estava internado no Hospital da Nilton Lins, em Manaus, conforme nota de pesar divulgada pelo Governo do Amazonas na tarde desta sexta-feira (19). 

O paciente deu entrada no hospital, no último dia 29 de maio, transferido do Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira. Ele ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na ala indígena do hospital, onde recebeu todo o tratamento padrão, que é realizado em casos de Covid-19, com as especificidades direcionadas aos pacientes indígenas.

Higino, que não apresentava registros de comorbidades, teve o quadro agravado por uma insuficiência respiratória aguda, que evoluiu para pneumonia viral aguda, com hipoxemia (baixo nível de oxigênio no sangue).

Histórico de liderança

Higino Tuyuka era um líder com grande representatividade, defensor da cultura indígena, que construiu uma história de lutas pelos povos do Alto Rio Negro. Conhecido como doutor da educação escolar indígena, Higino era professor indígena e fazia questão de repassar às novas gerações tradições indígenas, como línguas, cantos, histórias e cerimônias.

Grande articulador das políticas de educação escolar indígena, não só do Alto Rio Negro, mas também brasileira, ajudou na criação dos 10 Princípios da Educação Escolar Indígena nos anos de 1990, na Comissão dos Professores Indígenas do Amazonas e Roraima (Copiar), que norteou as políticas do Ministério da Educação (MEC) naquela década.

Contribuiu na implantação do Ensino Médio Indígena no Alto Rio Negro, na criação da Comissão de Educação Escolar Indígena do MEC, entre outras contribuições importantes para a concretização da atual política brasileira de Educação Escolar Indígena.

Junto a outras lideranças indígenas, Higino foi um dos fundadores da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) em 1987. Com sede em São Gabriel da Cachoeira, a entidade representa 23 povos indígenas do Brasil e articula ações em defesa dos direitos e do desenvolvimento sustentável de 750 comunidades indígenas em uma das regiões mais preservadas da Amazônia, na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a Colômbia. 

O líder indígena também integrava a Associação Brasileira de Arte Rupestre (Abar), entidade interdisciplinar e interepistêmica, dedicada ao estudo da arte rupestre e da história indígena do Brasil. Com o trabalho na Abar, Higino Tuyuka ganhou reconhecimento internacional como o primeiro investigador indígena da arte rupestre no Brasil.

Prefeitura também se manifestou

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, externou profundo pesar pela morte do professor e liderança indígena do Alto Rio Negro, Higino Pimentel Tenório Tuyuka, 65, que ocorreu na noite desta quinta-feira, 18/6, em um hospital de Manaus. Higino não resistiu a complicações causadas pela Covid-19.

“O Amazonas perde um grande líder que lutava pela educação indígena no Estado e em todo Brasil. Professor, o guerreiro Higino era defensor incansável da cultura indígena, mantendo viva línguas maternas, cantos e tradições culturais que passavam de geração em geração. Morava em São Gabriel da Cachoeira, onde foi acometido pelo novo coronavírus, lutou até o fim contra um inimigo invisível, mas não resistiu aqui em Manaus. Ele deixa um legado de bravura, de conhecimento e de esperança para um povo tão importante para nossa história”, disse o prefeito.

A primeira-dama e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro, também lamentou a morte de Higino Tuyuka.

“Lamento muito a morte do professor Higino. Quando soubemos que ele estava com Covid-19, de pronto colocamos a estrutura do hospital de campanha à disposição, para que ele fosse tratado em Manaus. A instabilidade do quadro de saúde dele impediu que viesse de imediato de São Gabriel da Cachoeira para cá. Quando isso foi possível, ele já estava debilitado, mas como um valente guerreiro lutou bravamente até quando aguentou. À família, aos amigos e admiradores minha solidariedade neste momento de luto”, declarou Elisabeth Valeiko Ribeiro.

Com informações das assessorias

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