Um dos maiores nomes da nossa dramaturgia na TV, no cinema e no teatro – como ator e diretor – e também dono de uma voz marcante, Paulo José é daqueles artistas de quem o público sempre se sentiu próximo. Nas últimas décadas, entrou em nossas casas por meio de uma infinidade de personagens que ficam, assim como ele, para a história.
Paulo José morreu nesta quarta-feira (11), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado há 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia. Deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu relacionamento com a atriz Dina Sfat, além Paulo Henrique Caruso.
Nas redes sociais, o cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de filmes como “Bacurau” e “Aquarius”, homenageou Paulo José:
Obrigado Paulo. E obrigado também Dina. Beijos pic.twitter.com/3NBuYpwFS3
— Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho) August 11, 2021
A jornalista Leilane Neubarth também prestou sua homenagem:
Acabo de saber da morte do queridíssimo ator Paulo José …
— Leilane Neubarth (@LeilaneNeubarth) August 11, 2021
Muito triste 😞 . Lembro de ter feito uma matéria linda com ele há muitos anos, onde ele já falava da luta contra o Mal de Parkinson…. Minha solidariedade à família e ao amigos. Um beijo especial para @belkutner 🙏🏼
A atriz Dadá Coelho fez um agradecimento ao ator:
Obrigadadá, Paulo Jose.
— Dadá Coelho (@dadacoelho) August 11, 2021
Meu grande amor PJ nos deixou.
A morte é um instantâneo.
Uma hora se está, outra não se está mais. Que sorte a minha fazer a escola da terra com voce, meu amigo.
Obrigada por ter nascido, homem gentil. Deus te abençoe por tanta sabedoria e bondade 🙏💙 pic.twitter.com/kiqzydLg0U
Barbara Gancia
Paulo José, uma passagem suave. Como você. Vá com Deus. ☀️✨🌟❤️💙🤍
— Barbara Gancia (@barbaragancia) August 11, 2021
Victor Hugo
Paulo José descansou ! Um gigante nos deixa
— Victor Hugo (@victorhugotex) August 11, 2021
Marcelo Medici
Paulo José, ator grandioso, potente, generoso, dos meus preferidos. homem extremamente delicado. só podemos agradecer por tudo 🙏🏼 pic.twitter.com/Zs3oQLoaU5
— Marcelo Medici (@marcelomedici) August 11, 2021
Relembre a carreira
Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, interior do Rio Grande do Sul, em 20 de março de 1937. Teve o primeiro contato com o teatro ainda na escola, iniciando a carreira no teatro amador anos mais tarde, em Porto Alegre. No início dos anos 60, Paulo José foi morar em São Paulo e começou a trabalhar no Teatro de Arena, onde exerceu diferentes funções. A primeira peça em que trabalhou como ator foi ‘Testamento de um Cangaceiro’, de Chico de Assis, em 1961.
Estreou na Globo como ator na novela ‘Véu de Noiva’, de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro grande personagem foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla bem humorada com Xerife, personagem de Flávio Migliaccio, na novela ‘O Primeiro Amor’ (1972), de Walther Negrão. A dobradinha fez tanto sucesso que deu origem ao seriado ‘Shazan, Xerife e Cia.’, escrito, dirigido e interpretado por Paulo e Flávio entre 1972 e 1974. Outros personagens marcantes foram o comerciante cigano Jairo em ‘Explode Coração’ (1995), de Gloria Perez, e o alcóolatra Orestes de ‘Por Amor’ (1997), de Manoel Carlos.
Ao longo de mais de 60 anos de carreira, atuou em mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, ‘Roda de Fogo’ (1986), de Lauro César Muniz; ‘Vida Nova’ (1988), de Benedito Ruy Barbosa; ‘Tieta’ (1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; ‘Araponga’ (1990), de Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz; ‘Vamp’ (1991), de Antonio Calmon; ‘O Mapa da Minha’ (1993), de Cassiano Gabus Mendes; ‘Agora é Que São Elas’ (2003), de Ricardo Linhares, escrita a partir de uma ideia original do próprio Paulo José; ‘Senhora do Destino’ (2004), de Aguinaldo Silva; ‘Um Só Coração’ (2004) e ‘JK’ (2006), minisséries de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; ‘Caminho das Índias’ (2009), de Gloria Perez; e ‘Morde & Assopra’ (2011), de Walcyr Carrasco.
Como diretor, participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980, e das minisséries ‘Agosto’ (1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do romance de Rubem Fonseca; ‘Memorial de Maria Moura’ (1994), adaptação de Jorge Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e ‘Incidente em Antares’ (1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de Erico Veríssimo. Ele também fez parte da equipe que implementou o programa ‘Você Decide’.
Sempre ativo e atuante, mesmo depois de descobrir o Mal de Parkinson, doença que o acompanhou por mais de 20 anos, Paulo José sempre esteve preocupado com a valorização do ofício de ator no Brasil, sendo nome de destaque na luta pela regulamentação da profissão no final dos anos 70.
Mesmo com a carreira consolidada na TV, Paulo José nunca abandonou o teatro e o cinema. Na telona, participou de filmes importantes na história do cinema brasileiro, como ‘Macunaíma’ (1969) e ‘Todas as Mulheres do Mundo’ (1966).
Sua última e mais emocionante aparição na TV foi como o vovô Benjamin na novela ‘Em Família’ (2014), de Manoel Carlos. Ele era o pai de Virgílio (Humberto Martins) e, como na vida real, seu personagem sofria de Mal de Parkinson.