A Rússia encerra neste domingo (19.set.2021) uma eleição parlamentar de 3 dias com a expectativa de que o partido do presidente Vladimir Putin consiga maioria depois de uma forte repressão ao movimento do opositor do Kremlin, Alexei Navalny, e de impedir que oponentes de concorrer. As informações são da agência Reuters.
A esperada vitória do partido Rússia Unida será usada pelo Kremlin como prova de que o presidente russo possui apoio, apesar do mal-estar e da piora dos padrões de vida nos últimos anos.
O partido detém hoje 3 quartos das 450 cadeiras da Duma, câmara baixa da Assembleia Federal. Esse apoio permitiu que o Kremlin aprovasse reformas constitucionais que possibilitam a Putin concorrer a mais 2 mandatos como presidente após 2024, podendo permanecer no poder até 2036.
Pesquisas estaduais indicam que o Rússia Unida enfrenta queda de popularidade, mas continua mais popular do que seus rivais mais próximos nas urnas, o Partido Comunista e o partido nacionalista LDPR, que frequentemente apoia o Kremlin.
O blog do opositor Navalny publicou uma mensagem aos apoiadores nesta semana: “Se o Rússia Unida conseguir [vencer], nosso país pode esperar mais cinco anos de pobreza, cinco anos de repressão, cinco anos perdidos”.
Aliados de Navalny foram impedidos de concorrer depois que seu movimento foi considerado extremista em junho. Outras figuras da oposição afirmam que foram alvo de manobras eleitorais.
O Kremlin nega a existência da repressão política, diz que individuas são processados por infringir a lei e afirma que não interfere no processo de registro de candidatos, assim como o partido Rússia Unida.
Tática da oposição
O campo que apoia Navalny tenta promover uma manobra eleitoral, apoiando em todos os distritos o candidato que tem maior probabilidade de derrotar o partido do governo. Autoridades tentaram bloquear a iniciativa on-line.
Em uma mensagem no Telegram, Leonid Volkov, aliado de Navalny, disse que um dia o país viverá uma realidade onde seja possível “votar em bons candidatos com diferentes plataformas políticas”.
Desde o início da votação, na 6ª feira (17.set.2021), Google, Apple e Telegram limitaram algum acesso à campanha de votação tática, levando ativistas a acusá-los de ceder à pressão do governo. A Apple e o Google não responderam às acusações.
Na capital Moscou, a campanha de votação tática da equipe de Navalny, preso por supostas violações da liberdade condicional, pediu aos seus eleitores que votassem em políticos como Mikhail Lobanov, do Partido Comunista.
Um homem aposentado da capital russa que se apresentou apenas como Anatoly disse que votou na Rússia Unida porque se orgulhava da vigorosa política externa russa e dos esforços de Putin para restaurar o que ele vê como o legítimo status de grande potência da Rússia.
“Países como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha nos respeitam mais ou menos agora como respeitaram a União Soviética nos anos 1960 e 70… Os anglo-saxões só entendem a linguagem da força”, afirmou.
Na contramão, outros eleitores expressaram raiva contra o Rússia Unida em uma seção eleitoral na capital de mais de 12,5 milhões de habitantes, onde o partido se saiu pior nos últimos anos do que em outras regiões.
“Estou sempre contra o Rússia Unida”, disse Roman Malakhov, que votou no Partido Comunista. “Eles não fizeram nada de bom.”
A Comissão Eleitoral Central informou que a participação eleitoral era de 35,7% às 10h, horário de Moscou, 4h da manhã no horário de Brasília.
A eleição encerra às 18h do horário local. É a última antes das presidenciais de 2024. Putin ainda não disse se disputará o cargo.
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