A polícia de Hong Kong confirmou na sexta-feira (30) que abriu uma investigação sobre vídeos que surgiram online nesta semana, supostamente mostrando moradores vaiarem a “Marcha dos Voluntários”, durante hino nacional da China.
O governo de Hong Kong, na mão do partido comunista, proibiu o desrespeito ao hino chinês, incluindo cantar a música de forma inadequada, em 2020, após um ano de intensos protestos contra o Partido Comunista. No auge, os protestos atraíram mais de 2 milhões dos 7 milhões de residentes da cidade para marchar nas ruas simultaneamente. Os protestos começaram inicialmente em resposta à tentativa do Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo) de aprovar uma lei que permitiria à polícia de Hong Kong extraditar qualquer pessoa presente na cidade caso a China os acusasse de violar as leis comunistas.
Na sequência dos protestos, o Congresso Nacional do Povo (NPC) aprovou o que veio a ser conhecido como a “lei de segurança nacional”, criminalizando quatro comportamentos – incitação à secessão, terrorismo, incitação à interferência estrangeira e subversão do poder do Estado – e prescrever um mínimo de dez anos de prisão para o culpado. O NPC, com sede em Pequim, não tem poder sobre Hong Kong de acordo com a política “Um país, dois sistemas”, mas o governo de Hong Kong começou a condenar as pessoas por infringir a lei este ano, de qualquer maneira.
Vaiar a “Marcha dos Voluntários” pode ser considerado uma violação da “lei de segurança nacional”, alertou a polícia.
As supostas violações ocorreram na segunda-feira no shopping APM de Kwun Tong, onde centenas de pessoas se reuniram para assistir a imagens ao vivo dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Eventos de exibição em massa em Hong Kong são comuns e se tornaram mais populares este ano devido ao sucesso sem precedentes dos atletas de Hong Kong até agora nos Jogos. Naquela noite, a multidão assistiu ao esgrimista Cheung Ka-long ganhar uma medalha de ouro na competição individual masculina de florete, a segunda medalha de ouro na história de Hong Kong. Com a conquista do ouro, a cerimônia da medalha contou com o hino nacional da China.
A multidão apareceu para vaiar o hino nacional. Alguns presentes gritaram “nós somos Hong Kong!”, Um grito esportivo comum que alguns membros do movimento anticomunista adotaram. Alguns relatos indicam que pelo menos um torcedor agitou uma bandeira do Reino Unido, que os manifestantes adotaram em 2019 como um símbolo dos direitos humanos e das normas de liberdade ocidentais que o Partido Comunista Chinês desrespeitou flagrantemente ao longo da história. Hong Kong fazia parte do Reino Unido até 1997, quando Londres a entregou a Pequim.
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