Em número de eleitos que ocupam cargos parlamentares, o Estado do Amazonas é o líder da maior representatividade indígena: São 42 parlamentares municipais, dois vice-prefeitos e um prefeito eleito.
A composição do pleito indígena no Norte do país nas últimas eleições foi de: 4 prefeitos, 9 vice-prefeitos/as, 103 vereadores/as em 55 municípios nos 9 estados da região Norte, e de 45 povos indígenas foram eleitos na Amazônia.
Em 2020, ao todo, foram eleitos 237 representantes de povos originários para os cargos de vereador, vice-prefeito e prefeito, 28% a mais do que nas eleições municipais anteriores, o que demonstra aumento da representatividade indígena.
A representatividade indígena indígena também cresceu no pleito eleitoral nas últimas eleições: Foram 497 candidatos que se autodeclararam indígenas no Estado, o maior número do país segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao redor país, 2.212 candidatos indígenas concorreram nas eleições de 2020, um aumento de 29% em relação às eleições de 2016.
O percentual de indígenas vitoriosos sobre o universo total de pessoas eleitas também cresceu, aumentando a representatividade indígena nacional. Em 2020, os indígenas foram 0,34% de todos os eleitos, contra os 0,26% de 2016. A cifra é pequena, mas também é baixo o percentual de pessoas que se declaram indígenas: 0,47% da população brasileira, segundo o último Censo, de 2010.
E houve alta na representatividade das mulheres indígenas. Em 2016, foram eleitas 15 mulheres de povos originários no Brasil, 8% de todos os indígenas eleitos naquele ano. Em 2020, foram 41 mulheres eleitas, que representam 17% de todos os indígenas que terão cargos eletivos municipais a partir de janeiro.
Não graças a Manaus
Em Manaus das mais de 1,4 mil candidaturas à Câmara Municipal nas eleições de 2020, apenas nove foram indígenas. Nenhuma ganhou. O número mostra que ínfimos 0,63%, dos 1,4 mil, declararam-se indígenas para disputar eleições para vereador em Manaus.
Preferência partidária
Em 2020, pela primeira vez, o PMDB superou o PT em mandatos municipais conquistados por indígenas, com 27 vitórias, duas a mais que o PT. Em seguida, estão PSD, com 21, PP, com 20, e DEM e Republicanos, empatados com 16 cada um.
“O PT tem tradição de apoio a esses movimentos, capilaridade, estrutura partidária e simpatia ideológica de muitos indígenas. Mas as candidaturas dos indígenas acompanham o movimento geral da política partidária no país, e em 2020 houve uma inflexão para a direita. O DEM, que em 2016 teve cinco eleitos, em 2020 teve 16”, diz o antropólogo Stephen Baines, professor da Universidade de Brasília (UnB).
Prefeitos Indígenas da região Norte
Reeleito em 2020 para a prefeitura de Marechal Thaumaturgo, no Acre, Isaac Piyãko, de 48 anos, salienta que os anseio dessa parte da população pela conquista da representatividade explicaram o fenômeno do crescimento de indígenas eleitos.
Em Roraima, dois prefeitos indígenas foram eleitos em 2020: Tuxaua Benisio em Uiramutã com 42,49% dos votos. E Dr. Raposo, indígena de 42 anos, eleito prefeito pelo PSD em Normandia, com 23.3% dos votos.
No Amazonas, o indígena e também prefeito de São Gabriel da Cachoeira Clóvis Curubão (PT) foi reeleito com 50,33% dos votos.
Histórico da representatividade indígena na República brasileira
Conforme o mapeamento dos pesquisadores, a participação dos indígenas nos processos eleitorais começa em 1969, quando Manoel dos Santos, conhecido como Seu Coco, que pertencia ao povo Karipuna, elegeu-se como primeiro vereador indígena em 1969, no Oiapoque, Amapá.
Em 1976, houve a primeira mobilização organizada por sete candidatos a vereador se lançaram no país e um foi eleito para a Câmara de Mangueirinha, no Paraná, o cacique Ângelo Kretã.
Em 1982, Mário Juruna foi eleito o primeiro indígena deputado federal, pelo PDT, em uma articulação liderada pelo antropólogo Darcy Ribeiro e apoiada por Leonel Brizola. Apesar de ter nascido em um município de Mato Grosso, Jurua foi lançado pelo estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de ampliar a votação e obter o apoio de não-indígenas que apoiavam a causa.
Um dos primeiros prefeitos indígenas foi João Neves, do povo Galibi-Marworno, eleito em 1996 em Oiapoque, no Amapá. Em 2014, o Tribunal Superior Eleitoral começou a incluir o registro de cor e raça nas candidaturas, o que facilitou a análise da participação dos povos indígenas nas eleições.
Em 2018, Wapichana foi eleita a primeira mulher indígena deputada federal, e Guajajara foi a primeira mulher indígena candidata a vice-presidente.
Foto: NACHO DOCE | Crédito: REUTERS
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