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‘Sem a ZFM, Amazonas vai tentar sobreviver do turismo, ou não!’, analisam especialistas

Professores do Amazonas, especialistas nas áreas de ciência política, economia e pesquisa científica e de mercado, comentam sobre o Governo Bolsonaro e a ZFM
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'Sem a ZFM, Amazonas vai tentar sobreviver do turismo, ou não!', analisam especialistas
Foto: Gideão Soares

No programa Resenha Política do Portal Tucumã exibido nesta sexta-feira (21.mai), três especialistas Helso do Carmo Ribeiro Filho, cientista político e professor, Afrânio Soares, diretor da Action Pesquisas, e Francisco de Assis Mourão Júnior, economista e Conselheiro Regional de Economia no Amazonas, analisaram o cenário de Manaus sem a Zona Franca de Manaus (ZFM), tema que repercutiu, recentemente, após a fala do Presidente Jair Messias Bolsonaro em live publicada no último dia 20 de maio.

Relembre fala de Bolsonaro:

“Imagine Manaus sem a Zona Franca. Hein, senador Aziz, você que fala tanto na CPI, senador Eduardo Braga, imagine aí o Estado, ou Manaus, sem a Zona Franca”, afirmou Bolsonaro.

Confira análise dos especialistas:

O cientista político Helso Ribeiro expôs sua interpretação sobre as falas do presidente Bolsonaro e embasou sua crítica que interpreta a fala como ‘ameaça’, através do campo do psicologia.

“Eu entendo que a fala do presidente Bolsonaro, ela é digna de ser estuda pelo behaviorismo, pela psicologia, porque você precisa ler o que não foi dito. E eu vejo aí múltiplas interpretações. Então, o presidente falava da Embrapa, da ponte Rio-Niterói, ai citou a Zona Franca e de repente dá uma alfinetada. O que está nas entrelinhas? ‘Peguem leve nessa CPI ou não terão o meu apoio para a Zona Franca de Manaus'”, afirmou Helso Ribeiro.

O cientista político recordou o evento da reunião do CAES com o episódio do secretário do ministério da Economia, Carlos Costa, que retirou da pauta o empreendimento da LG no Polo Industrial de Manaus.

“Recentemente, entre final de abril pra início desse mês, um secretário do Paulo Guedes veio para Manaus e retirou de pauta o que já tinha sido aprovado por todos os órgãos de análise técnica da SUFRAMA, um investimento que geraria centenas de empregos e, acima de tudo, iria fomentar o Polo da Informática. O quê houve? Foi retirada de pauta esse empreendimento. Foi necessário a ‘gritaria’ de parte do nosso parlamento e de empresários da ZFM para que esse empreendimento voltasse e fosse aprovado pelo ministro Paulo Guedes”, enfatizou Ribeiro.

Por de trás do episódio, Ribeiro vê o pensamento econômico do ministro Paulo Guedes, que amparam tais ações.

“Nós sabemos que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, nunca foi simpático à política de atuação afirmativa e às políticas compensatórias como é o Polo Industrial de Manaus. Mas, o que ocorre, é que nem sempre esse discurso é claro. Então, muitas vezes, através de subterfúgios, dão-se freios pelo governo Federal”, afirmou Ribeiro.

Para Afrânio Soares, diretor da Action Pesquisas, o pensamento econômico da escola de Chicago, no qual se ampara não apenas o ministro da Economia do Governo Bolsonaro, mas também muitos de seus atuais adversários enquadrados como uma ‘terceira via’, tem guiado os ataques à ZFM:

“Minhas opiniões quanto à política econômica desse governo, sobretudo ao ministro Paulo Guedes, da escola de Chicago, que é uma escola que prega a livre concorrência e a escolha por competência – conseguida pelos participantes de um modo desigual e desleal, em que sobrevivem apenas os mais fortes, uma espécie de seleção natural da economia em que nós somos os mais fracos – não é uma prerrogativa exclusiva do governo e do ministro Paulo Guedes. – Eu já ouvi João Amoedo (Novo) defender essa política, já ouvi Luciano Hulk falar isso e não duvido que João Dória falaria também – e o que é pior, já ouvi pessoas daqui de Manaus, bolsonaristas convictos, que não conseguem enxergar defeito algum do atual governo, uma miopia política. E tentando entender o que o presidente disse – na verdade, calado, ele (Bolsonaro) seria um poeta, porque nem quando ele faz uma coisa boa, Bolsonaro não consegue traduzir este feito em palavras para que possa expressar realmente uma boa vontade, uma boa ação.”, pontuou Soares.

Afrânio Soares avalia que a fala de Bolsonaro teve o tom de uma ameaça. Ele pontuou também seu ponto de vista sobre como acha que o governo pensa sobre a economia da região.

“Eu acho que soou como ameaça. Eu acho que a ZFM está ameaçada não só pela reforma tributária, mas esse governo vai persegui-la até o final. E a ideia é ‘Não preciso do Polo Industrial porque depois que o Polo sair, o Amazonas vai se adaptar, nem que leve de 10 a 15 anos, vai se adaptar à sua verdadeira vocação que é o turismo, ecoturismo e afins’. Eu vejo que esta é a ideia porque a escola de Chicago ela prega isso ‘é uma seleção natural e o ambiente que foi devastado ele vai se recompor’, afirmou Soares.

Francisco de Assis Mourão Júnior, economista e Conselheiro Regional de Economia no Amazonas, fez uma crítica em tom de lamento, uma vez que o Estado – que foi um dos dos pilares eleitorais para Bolsonaro – tem hoje seu principal modelo econômico ameaçado.

“O que me deixa mais triste nos 54 anos do modelo ZFM é esse ataque direto do ministro Paulo Guedes, podemos dizer assim, e agora essa fala do presidente Bolsonaro devido a essa questão da CPI da Covid. Não há de forma alguma como aceitar tal postura, sobretudo sob o estado do Amazonas que foi muito bondoso com o presidente em termos de votos que o ajudaram a se eleger.

Mourão Júnior também cita a reunião do CAES e faz alerta para futuros ataques vindos do ministério da Economia.

“A reunião do CAES com o episódio lamentável do secretário Carlos Costa tirando o projeto da LG de pauta, demonstra muita insegurança jurídica ao nosso modelo, como as demais medicas que estão vindo por aí do ministério da Economia”.

O conselheiro Regional também faz menção ao período conhecido com ”boom” econômico do Governo Lula, que levou às classes C e D participarem ativamente do mercado consumidor e como isto favoreceu o modelo ZFM à epoca.

“Um dos períodos que foi bom da Zona Franca de Manaus, durante o primeiro ano do governo Lula, em que o ministro da economia era Antônio Palocci, depois foi o Guido Mantega, em que a Zona Franca aproveitou o momento em que nós estávamos no começo do plano real, em momento de estabilidade da inflação e da volta do consumo das classes C e D. Esse ‘boom’ na economia ajudou muito o modelo Zona Franca de Manaus. O presidente da república não visualiza esse fator e põe um ministro Neoliberal, e que pensa que a região Norte vai se desenvolver sozinha, como as outras regiões. Se esse modelo acabar, nós vamos nos voltar pra floresta e aí a questão da preservação vai ser muito afetada”.

Mourão Júnior faz observação sobre os possíveis impactos naturais que serão causados com a extinção do modelo ZFM.

“O turismo não vai conseguir sustentar ao todo esse Estado em tão curto tempo. Nós vamos ter que buscar outras fontes de renda. Infelizmente, nessa busca, a questão da preservação pode ser afetada.

Veja entrevista na integram:

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