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‘Sereia’ alvo de gordofobia nas redes sociais conta sua experiência durante aparição no Centro de Manaus

O jovem Felipe Lima Vasconcelos, de 19 anos, chamou atenção de várias pessoas no Centro de Manaus fantasiado de sereia. Saiba mais
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sereia gordofobia centro
Foto: Reprodução/Instagram

Manaus – A cheia do rio Negro apresentou personagens emblemáticos aos manauaras. Entre eles o jovem Felipe Lima Vasconcelos, de 19 anos, ou popularmente conhecido como “sereia”. Morador do bairro Colônia Terra Nova, zona Norte de Manaus, ele ganha a vida ajudando os pais no comércio de camarão e queijo.

Felipe apareceu vestido de sereia, representando a Yara mãe d’água, nas proximidades do Relógio Municipal, situado na avenida Eduardo Ribeiro, bairro Centro, zona Sul da capital, onde foi tomado pelas águas do rio Negro. Vale ressaltar que o nível das águas marcou 30 metros, sendo assim, a maior cheia da história.

Ele contou ao Portal Tucumã que teve a ideia de abordar a respeito do ambiente e falou sobre o processo de construção da fantasia de sereia.

“A ideia começou depois de ver a primeira sereia do Amazonas no Centro de Manaus. Mas a minha personagem foi representando o meio ambiente e falando sobre a cheia. A ideia da fantasia surgiu devido ao lixo acumulado em minha rua. Com isso, peguei TNT e sacos de lixo para produzir a minha roupa”, disse.

O sucesso foi estrondoso. A aparição da “nova sereia” chamou atenção de várias pessoas que passavam no local e, rapidamente, viralizou nas redes sociais. Entretanto, Felipe não esperava a gigantesca repercussão por parte do público.

“Quando eu cheguei no Centro já tinha muita gente me esperando. Eu fiquei muito feliz também muito emocionado em ver muita gente me chamando para bater foto e muitos turistas que vieram da Venezuela, Peru e São Paulo falando comigo. Muita gente mesmo”, relembra.

Após o final da aparição, Felipe recebeu ajuda financeira de algumas coisas no Centro de Manaus para voltar à sua residência e levar comida.

Preconceito e ataques

Nem tudo foram mil maravilhas para a nova “sereia de Manaus”. O jovem foi duramente atacado por ser uma pessoa acima do peso, o que pode ser caracterizado como gordofobia.

Felipe lamentou as críticas que sofreu nas redes sociais, mas não deixou se abalou com as declarações.

“Recebi muitos ataques no Instagram, comentários pessoas me chamado de gorda, baleia, sapo cururu. Fui xingado de todos nomes possíveis. Nada me abalou e não ligar para isso. São pessoas que não têm sonhos”, relata.

O jovem disse que pensa acionar a Justiça contra as pessoas que lhe atacaram nas redes sociais.

“Antes de acontecer isso, com certeza essas pessoas estavam com a mente vazia. Isso dá cadeia, gostaria de entrar um processo contra elas. Muita gente não pediu desculpas por causa disso”, falou.

Exemplos

A obesidade é uma das preocupações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença responsável por sérias repercussões psicossociais, assim como orgânicas, atingindo tanto indivíduos na infância, como na fase adulta.

Entretanto, algumas pessoas, principalmente na rede virtual, usam esse assunto para atacar umas as outras. Segundo o advogado Aldo Evangelista, especialista em Direito Digital, quem foi alvo de ataques na internet podem acionar a lei diante desses casos.

“Os autores de ataques na internet podem responder civil e criminalmente pelos seus atos. A vítima ou as vítimas precisam procurar as autoridades e advogado em direito digital. Dependendo do caso, o autor pode responder por injúria, difamação ou perseguição”, explica.

Foto: Reprodução

Aldo explica que muitos desses ataques acontecem porque as pessoas querem defender algum tipo de “posicionamento” ou “ideologia”.

“Alguns acreditam que ficam impunes, outros fazem propositalmente para atacar alguém ou defender suas ideias e ideológicas. A internet é reflexo da sociedade, não adianta demonizar a internet, os algoritmos e a as tecnologias sociais. Então as pessoas na sociedade precisam melhorar suas relações sociais”, conclui.

De acordo com a psicóloga Carol Martins, muitas pessoas ultrapassam os limites do direito alheio no ambiente virtual.

“Com isso incide o ódio, difamação e manifestações preconceituosas. Eu costumo dizer que, quando alguém me ofende, ela diz mais dela do que de mim, geralmente são pessoas que, ela sempre está ofendendo alguém, ela nunca está feliz, ela sempre está carregada de alguma amargura e acaba transferindo para alguém o que está dentro dela. Se você for observar a rede social dela”, disse.

Carol ainda ressalta que nem todo mundo está preparado psicologicamente para lidar com ofensas relacionadas ao porte físico. Ela deixa um alerta para a sociedade.

“Nem todo mundo tem preparo psicológico para lidar com essas ofensas, isso pode desencadear uma série de traumas, de problemas psicológicos e muitas vezes podem levar a pessoa a cometer o suicídio. Então que tenhamos mais empatia pelo outro, e lembrar que internet não eu mais terra sem lei, e que gordofobia é crime”, explica.

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