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‘Vamos conversar?’, uma simples pergunta pode evitar mais vítimas de suicídio em Manaus

A ponte sobre o rio Negro, inaugurada em 2011, que liga Manaus até Manacapuru, tem sido palco de vários casos de suicídio nos últimos anos
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suicídio

Manaus – A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a depressão como a doença do século em vários países. Ela ataca o paciente de maneira silenciosa e pode acarretar em diversos prejuízos, entre eles: o suicídio. O cenário não é diferente no Amazonas. A Ponte Jornalista Phelippe Daou, popularmente conhecida como Ponte Rio Negro, que liga Manaus até Manacapuru, tem sido palco de vários casos de suicídio nos últimos anos.

Um balanço divulgado em outubro de 2019 pela psiquiatra Alessandra Pereira, especialista em suicidologia, aponta que 66 pessoas cometeram suicídio no local.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), em 2019, 124 pessoas se suicidaram no Amazonas e, no primeiro semestre de 2020, o número de suicídios no estado passa de 60.

Nesta quarta-feira (30), Manaus viveu o último dia da campanha Setembro Amarelo, época de conscientização sobre depressão e principalmente o suicídio. O Capitão Carpê Andrade (Republicanos), um dos candidatos na corrida por uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM), é reconhecido por ser atuante no combate à depressão e suicídio na capital.

Ele afirmou ao Portal Tucumã se, caso seja eleito, pretende “criar a primeira base de atendimento de apoio e valorização à vida, fechar a ponte para pedestre a partir de um certo período e intensificar o policiamento no local”.

Foto: Reprodução/Instagram

Carpê Andrade recentemente participou do programa Eleições 2020. Atualmente, ele desenvolve para combater o suicídio, principalmente na Ponte Rio Negro. Segundo ele, há três formas de evitar que os números de suicídios continuem crescendo: o fechamento da ponte a partir das 19h, para pedestre; aumento do gradil ou montar uma base de contêiner para atender quem chegar ali precisando de ajuda.

“Eu, como bom cristão que sou, acredito que Deus possa nos ajudar. Depressão não é falta dele, não se sinta culpado, acredite, a maior solução é enfrentar a vida cara a cara”, destacou o candidato.

Apoio da família

Quando um paciente é diagnosticado com depressão é necessário que ele tenha apoio de familiares e amigos durante o tratamento da doença. A campanha do Setembro Amarelo é importante, mas a psicóloga Raquel Lemos faz um alerta sobre a conscientização em prol da saúde mental no decorrer do ano.

“O mês é amarelo, mas os cuidados devem ser o ano todo. Para cada pessoa que comete suicídio, mais três tentaram. É um problema de saúde pública e precisa sim ser falado o ano todo. A depressão deve ser vista com mais seriedade e respeito. Ela é uma doença como qualquer outra, ou seja, também precisa de tratamento”, explicou Raquel.

A participação da família é fundamental para o paciente seguir o tratamento contra a depressão e assim evitar o suicídio, porém, nem todos contam que esse é um importante item. Raquel acredita que a falta de apoio pode contribuir para um eventual suicídio.

“O apoio da família é muito importante nesse momento delicado. É muito comum se escutar frases do tipo: tentou se matar, isso é muita ingratidão, ele tem tudo, nunca faltou nada, isso é falta de Deus. Aquela pessoa que está sofrendo, já carrega culpa dentro de si, ao escutar frases desse tipo, os sintomas aumentam. É importante que a família tenha esse cuidado e esqueça esse tipo de julgamentos”, esclarece.

Superação

O acompanhamento médico para o paciente diagnosticado com depressão é longo e difícil. Ele precisa estar determinado e disposto a encarar vários desafios. Durante entrevista ao Portal Tucumã, o universitário Luan Neves falou um pouco da sua trajetória na luta contra a depressão.

Luan foi diagnosticado com depressão e síndrome neurológica regenerativa no ano de 2011. Em 2013 teve uma forte crise, pois juntou a depressão, a síndrome e a ansiedade. A fase mais difícil do universitário aconteceu em 2015 quando tentou cometer suicídio em uma faculdade particular de Manaus.

“Eu estava tomando muitos remédios, fiquei cansado disso tudo. Tive uma convulsão na faculdade e resolvi tirar minha vida. A professora Leila Ronize conversou comigo e me ofereceu ajuda. Estava fora do meu controle e só pensava besteira, como morte, e, além disso, estava agressivo”, revela o jovem.

Luan Neves concluiu o curso de Jornalismo em 2018 – Foto: Reprodução/Facebook

O universitário ficou internado no Hospital Beneficente Portuguesa, bairro Centro, Zona Sul de Manaus. Ele apresentava um comportamento agressivo e a equipe médica sinalizou que era arriscado voltar para casa. Luan passou 15 dias internado na unidade hospitalar e vinha tomando os medicamentos necessários para o tratamento.

Luan disse que o apoio dos amigos e familiares foi essencial para o tratamento contra a depressão. “Quando estive internado recebi muitas visitas de amigos, ganhei livros, doces e flores dos professores. Fiquei três meses em um tratamento intenso, e ao longo desse tempo sempre tive ajuda dos meus amigos na faculdade, principalmente da minha amiga Luciana Cardoso”, relembra.

Em 2017 os remédios controlados de Luan foram suspensos, hoje ele vive uma nova vida, e sente-se feliz por ter pessoas que o ajudaram nessa caminhada. O universitário dá um conselho para quem está passando pela depressão.

“Cada um tem seu tempo, e temos que respeitar. Mas uma simples pergunta pode salvar, por exemplo, “como você está?” ou “vamos conversar, vamos sair”. Eu só aceitei que estava com depressão quando acordei do coma induzido”, conta.

Dados

Uma pesquisa divulgada pela OMS em setembro de 2019 aponta que a taxa de suicídio no Brasil cresceu em 7%, contrariando o índice mundial, que caiu para 9,8%. O estudo leva em conta mortes autoprovocadas registradas pela organização em 2010 e em 2016 em diversos países do mundo.

Números recentes do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) e o Instituto Médico Legal (IML) apontam que foram registrados 78 suicídios em Manaus, de janeiro a julho deste ano.

Foto: Divulgação

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