RIO — Um vídeo que consta no inquérito que apura a morte da estudante Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, que foi imprensada em um poste por um carro alegórico da Em Cima da Hora, na noite da última quarta-feira, dia 20, mostra ela e crianças na Rua Frei Caneca, no Centro do Rio. As imagens flagram o momento em que a alegoria da escola, que vinha sendo rebocada, passa pela via estreita e para após o acidente.
A delegada Maria Aparecida Salgado Mallet, titular da 6ª DP (Cidade Nova), que investiga o caso como homicídio culposo, usou a estrutura tecnológica do Gabinete de Comando de Operações Policiais (GCOP) para melhorar a qualidade da gravação. O corpo da menina foi enterrado nesta sábado, no Cemitério do Catumbi.
O vídeo mostra Raquel com outras crianças, em cima do carro “Embarque no famoso 33”, na altura do número 350 da Rua Frei Caneca, por volta de 22h50. A informação contraria o depoimento prestado na 6ª DP pelo motorista do carro alegórico, cujo nome não foi revelado. Segundo o coordenador de dispersão da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liga-RJ), José Crispim Silva Neto, no entanto, a menina não teria pulado, assim como as demais, a tempo de evitar o acidente e acabou imprensada em um poste.
Assista ao momento:
No depoimento, ao qual O GLOBO teve acesso, José Crispim Silva Neto contou que, antes de Raquel ter sido imprensada, ouviu pessoas gritando “Para o reboque, tem uma menina em cima do queijo” e “Tem criança em cima do carro”. Ele relatou ainda que a menina foi a única das cinco crianças que não conseguiu descer a tempo de o carro alegórico da Em cima da hora colidir e chegou a vê-la caída no chão com fraturas expostas nas pernas.
Ele disse ainda que é comum que diversas crianças esperem a passagem de carros alegóricos para subir e tirar fotos. Ele ressaltou que não é sua função guiar o reboque e estava no local tão somente para acompanhá-lo. Socorrida ao posto médico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no Sambódromo, Raquel foi encaminhada ao Hospital Municipal Souza Aguiar, também no Centro do Rio, onde chegou a passar por uma cirurgia. Ela sofreu luxação exposta no tornozelo esquerdo, fraturas expostas dos fêmures e fratura de rádio distal esquerda. Ela morreu na última sexta-feira.
Na última sexta-feira, Maria Aparecida Salgado Mallet também determinou a apreensão do ‘Embarque no famoso 33’, que foi levado para um barracão, na Região Portuária, e está a disposição de novas perícias complementares de profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que o analisaram e o fotografaram e trabalham para determinar as causas do acidente. Nos últimos dias, foram ouvidos na distrital o motorista do caminhão guincho responsável por conduzir o carro alegórico, e Flávio Azeredo da Silva, diretor da escola de samba Em Cima da Hora.
Segundo o Corpo de Bombeiros, nem o “Embarque no famoso 33”, nem os demais carros alegóricos da Série Ouro que desfilaram na primeira noite do carnaval, na Marquês de Sapucaí, foi vistoriado e recebeu autorização do órgão para entrar na Avenida. Por três vezes, houve uma tentativa de notificar a Liga para informar que nenhuma das escolas do antigo Grupo de Acesso pediram a vistoria para suas alegorias. Por conta disso, nenhum deles teria autorização para desfilar.
O “Embarque no famoso 33” já havia apresentado problemas ainda no desfile: houve dificuldade de movê-lo na concentração e durante o desfile na Sapucaí durante metade da apresentação. Antes de passar pela Avenida, o carro precisou se movimentar ao menos sete vezes até ser posto dentro do sambódromo.
*Com informações de O GLOBO
LEIA TAMBÉM: Video mostra momento em que mãe salva filha de ser atropelada por ônibus
Acompanhe nossas redes sociais