Manaus – A pandemia da Covid-19 provocou o cancelamento do carnaval em diversas cidades do Brasil com o objetivo de evitar aglomerações. Para matar a saudade da folia, a TV Globo vai exibir neste final de semana um especial com desfiles históricos de São Paulo e Rio de Janeiro, apresentado por Milton Cunha e Ailton Graça.
O desfile da Portela de 2017 foi um dos desfiles selecionados para o especial da TV Globo. Com o enredo “Quem nunca viu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?”, assinado pelo carnavalesco Paulo Barros, a escola de Oswaldo Cruz e Madureira acabou com o jejum de 33 anos e conquistou o título de campeã do Grupo Especial, consolidando o status de maior campeã do carnaval carioca.
Por trás de todo processo de construção do desfile está o artista plástico Jucellino Ribeiro, de 36 anos, natural de Parintins, distante a 369 quilômetros de Manaus.
Reconhecido por trabalhos no Boi Caprichoso, o artista contou ao Portal Tucumã nesta sexta-feira (12) um pouco dos bastidores na preparação do desfile campeão da Portela.
“Em 2017 fui convidado pelo artista Rossy Amoedo para compor a equipe de artistas na Portela. O projeto das alegorias, as alas e o samba eram muito fortes. A escola estava confiante na conquista do título. Houve uma série de fatores, entre eles a morte do ex-presidente (Marcos Falcon), impulsionaram a comunidade para conquistar o título”, conta.
Parceria com Paulo Barros
O artista disse ao Portal Tucumã que participou na construção duas alegorias: a águia, símbolo da Portela, e um carro alegórico representando as águas do rio Nilo, no Egito. Ele deu detalhes sobre os respectivos trabalhos.
“A única coisa que era de isopor eram os pés e a cabeça da águia, o corpo foi todo de ferro. O carro do Egito tinha duas múmias e o trabalho foi todo dividido com a equipe. Os elementos acrescentando deram um efeito muito bom na avenida”, explica.
Jucellino Ribeiro relembrou a parceria com o carnavalesco Paulo Barros, um dos mais requisitados no carnaval carioca. Segundo ele, o artista é diferenciado e trabalha com muita seriedade.
“Trabalhar com ele é a certeza de adquirir aprendizados, pois é um artista diferenciado. O Paulo Barros cobra porque ele quer sempre o melhor. Se acontece algum problema, ele quer resolver na hora e facilita para todos. Ele sempre pede nossa opinião sobre algum trabalho”, ressalta.
Trajetória
Cria da Escolinha de Arte Irmão Miguel da Pascalle, o artista Jucellino Ribeiro começou a trabalhar no Boi Caprichoso muito jovem. Ele foi escultor, pintor e por muitos anos fez parte da equipe de Rossy Amoedo.
Em 2014, Jucellino foi promovido e passou a ser responsável por uma das alegorias na apresentação do Caprichoso, se destacando nos rituais indígenas.
Ao longo de sua trajetória, ele construiu os rituais indígenas “Kamaramphi – O inferno Ashaninka”, “Monhangaripi”, “Dowari – O Caminho dos Mortos” e “Yanomami – A Cura da Terra”, além da lenda amazônica “Dom Sebastião”.
Além da Portela, Jucellino também soma trabalhos em escolas de samba como Estação Primeira de Mangueira, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense.
O artista foi um dos trabalhadores afetados com a pandemia da Covid-19. Diante da situação, ele precisou se reinventar para ganhar uma renda extra. Ele voltou a pintar quadros, fazer desenhos e construir esculturas com cimento. Jucellino espera que a pandemia passe o mais rápido possível.
“A saudade do carnaval é muito grande, mas precisamos nos proteger para brincar com saúde acompanhado dos amigos em 2022. Estamos fazendo atividades alternativas para sobreviver, se Deus quiser, tudo vai voltar ao normal”, conclui.
Foto: Fernando Grilli/Riotur
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