O principal promotor do Brasil concordou, nesta sexta-feira (2), em solicitar uma investigação do presidente Jair Bolsonaro por abandono do dever no processo de obtenção da vacina indiana contra a Covid-19, segundo cópia do documento visto pela Reuters.
O presidente foi pego por denúncias de irregularidades em torno do contrato de R $ 1,6 bilhão (US $ 316 milhões) assinado em fevereiro para 20 milhões de doses com um intermediário brasileiro para a fabricante da vacina, Bharat Biotech. O governo suspendeu o contrato na terça-feira depois que uma comissão do Senado levantou suspeitas de superfaturamento e corrupção.
O Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, CGU, também investigam as supostas irregularidades em um negócio que causou indignação pública no Brasil, país que concentra o segundo maior número de mortes por Covid-19 no mundo.
O escândalo envolvendo a vacina Covaxin de Bharat se tornou um pesadelo político para Bolsonaro em parte porque supostamente envolve o chefe do governo na câmara baixa do Congresso, Ricardo Barros.
A investigação do presidente pela Procuradoria-Geral, ou PGR, precisa ser formalmente autorizada pelo STF, cuja ministra Rosa Weber ordenou esta semana que ocorresse imediatamente.
O procurador-geral Augusto Aras, que foi nomeado para o cargo por Bolsonaro, queria atrasar uma investigação até que o inquérito do Senado fosse encerrado, mas o juiz Weber recusou seu pedido.
O gabinete de Bolsonaro não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a investigação feita por Aras.
Três senadores da oposição na comissão, incluindo o vice-presidente senador Randolfe Rodrigues, pediram na segunda-feira a investigação de suposta corrupção no acordo da Covaxin.
Os senadores argumentaram que Bolsonaro não agiu quando foi informado em março por um funcionário do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda, sobre supostas irregularidades nas negociações da Covaxin.
O governo nega qualquer irregularidade e disse que Bolsonaro encaminhou o caso Covaxin para o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que não encontrou nada de irregular.
Com informações da Reuters