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Delivery: motoboys arriscam vida e saúde da família durante pandemia da Covid-19 em Manaus

Muitos motoboys temem ter os veículos apreendidos na volta tarde para casa, durante abordagens policiais. Outros dizem que clientes com Covid-19 não informam estarem infectados e insistem na aproximação
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Com a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), muitos empreendimentos precisaram se reinventar para continuar atuantes no mercado. Uma das classes que está sentindo de perto o impacto dessa mudança é a dos motoboys, que trabalha fazendo entregas no formato delivery pela cidade de Manaus. Após o agravamento de casos da Covid-19 no Amazonas, um decreto de 23 de dezembro de 2020 suspendeu as atividades econômicas não essenciais e determinou medidas restritivas de circulação mais rígidas. Essa decisão impactou diretamente a rotina desses trabalhadores, que, agora, estão trabalhando redobrado para conseguir se manter.

Segundo comentários recebidos por meio de um grupo de motoboys, que trabalham na cidade, diante do novo decreto, a concorrência que já existia no meio dos trabalhadores aumentou bastante, assim como o desemprego. “O decreto trouxe poucos pedidos para muitos trabalhadores”, conta um deles.

Diminuição de lucro

"Parei de fazer entregas", "Estou trabalhando dobrado para me manter", dizem motoboys após decreto em Manaus
João Batista é motoboy em Manaus – Foto: Portal Tucumã

Entre as principais reclamações está a baixa no número de pedidos. De acordo com João Batista, de 26 anos, que está exercendo a profissão há seis meses, o trabalho redobrou. “Essa é minha principal renda, a pandemia diminuiu meu ganho. Ainda bem que o aplicativo novo que chegou em Manaus, para não dispensar todos os motoboys, está deixando a gente trabalhar em um horário reduzido. Saindo dele eu já ligo outro aplicativo. Se não for assim, eu não consigo me manter, estou trabalhando dobrado“, afirmou.

Para outro motoboy, Fernando Olinto, de 37 anos, o decreto em si não é um problema, e ele concorda com a fiscalização. Porém, diz que há certos casos em que a abordagem “oprime” a categoria. “O decreto deveria ser mais flexível para serviços como o nosso. O primeiro prejudicou quem trabalha na noite. Agora, com o segundo, temos até às 22 horas para trabalhar, até ai tudo bem. Porém, somos pagos para ir até à portaria de condomínios, e alguns clientes querem que deixemos o pedido na porta. Já que muito condôminos não deixam as motos entrar, então atrasa a gente”, explicou o trabalhador, que também informou que na volta para a casa é facilitada a aproximação dos policiais, que, durante abordagens, chegam a ser violentos.

Risco diário

Nem todo entregador tem o delivery como principal fonte de renda. Alguns utilizam as horas extras para ganhar um dinheiro a mais no fim do mês. Esse era o caso do Franciney Pantoja, de 37 anos, que suspendeu as atividades após ser infectado pela Covid-19 enquanto entregava pedidos. “Eu só fui saber que o cliente estava com Covid, depois que já estava na porta da sua casa. Ele me informou e pediu para eu me afastar um pouquinho. O cidadão não tinha deixado nenhum aviso na portaria. Trabalhar como motoboy não era minha principal fonte de renda, eu também trabalho no distrito. Mas, depois que eu peguei a Covid-19 fazendo delivery, parei. Prefiro não arriscar trazer esse vírus para dentro de casa“, contou.

Outra situação que coloca em risco a saúde desses trabalhadores é quando o pedido é para pagar no cartão, pois eles precisam atender o cliente de qualquer forma. “Não dá pra saber quem está com Covid ou não. A gente nunca escolhe nosso cliente, o aplicativo chama e aceitamos a corrida. Sem saber quem é, vamos entregar. Eu tive contato com várias pessoas que estavam infectadas e só falaram na hora de receber o pedido. As vezes, a pessoa nem fala, os vizinhos que nos avisam pra limpar a mão com álcool, pois sabem que o cliente estava com Covid. Poucos clientes falam”, completou Franciney.

Foto: Divulgação/ Internet

Texto: Karol Maia

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