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28 abril 2024

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Fim de auxílio emergencial abriria risco de fome extrema no país

Em sua avaliação, o país voltou ao Mapa Mundial da Fome por conta da crise econômica.
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Um corte antecipado do auxílio emergencial no Brasil pode abrir o risco de uma crise alimentar similar à das fomes extremas que caracterizaram o continente africano no século passado. O alerta está sendo lançado por José Graziano da Silva, ex-diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e considerado como “pai” do Fome Zero.

Em entrevista exclusiva à coluna dias depois do anúncio do prêmio Nobel da Paz para o combate à fome, ele deixa claro que existe uma possibilidade real de que o número de famintos no Brasil dobre se o auxílio emergencial for cortado ou o seu valor for insuficiente para comprar a cesta básica, especialmente no caso de se continuar a escalada inflacionária dos alimentos básicos.

Em sua avaliação, o país voltou ao Mapa Mundial da Fome por conta da crise econômica. Mas também como resultado do desmonte das políticas de alcance social, entre elas, a de segurança alimentar e nutricional implantada desde o início dos anos 2000.

Graziano ainda anuncia a criação, no dia 16 de outubro, do Instituto Fome Zero, uma entidade que vai se dedicar a apoiar a formulação de políticas públicas de segurança alimentar, além de preservar a memória do Programa Fome Zero.



José Graziano da Silva – Sem dúvida. David Beasley, Diretor-Executivo do Programa Mundial de Alimentos, já havia antecipado o risco de “uma fome de proporções bíblicas” no início da pandemia antes mesmo de uma segunda onda como a que estamos vendo agora se desenhar depois de curta uma abertura limitada durante o verão nos países do Norte.

Tudo vai depender muito de como será a recuperação da atividade econômica mundial. Vamos lembrar que as previsões iniciais do Banco Mundial e do FMI falavam inicialmente – em abril – em quedas de 3 a 5% do PIB na maioria dos países. Em agosto, essa previsão foi revisada para cima e passaram a falar em até 10%, o dobro das previsões iniciais.Agora com a segunda onda, a preocupação é como isso vai afetar a recuperação tão desejada em V, que pode ser em L em muitos países, ou em K como estão dizendo para exemplificar o vaivém que parece ser o mais provável no momento, especialmente nos países do Sul.

Mas não podemos esquecer que essa rápida difusão num mundo globalizado terminou afetando desproporcionalmente os mais pobres, os miseráveis, os que não puderam ficar em casa e acima de tudo os que não tinham casa ou tinham um barraco que não permitia o isolamento nem lavar as mãos, porque não dispunham de água encanada. Infelizmente, uma segunda onda vai acentuar ainda mais essas diferenças pois os países mais pobres do Sul têm muito menos recursos financeiros e muitos mais miseráveis que os países ricos do Norte.

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