Manaus – As irmãs Gabrielle e Isabelle Lins são alvo de uma investigação do Ministério Público do Amazonas (MPAM) que apura irregularidades na campanha de vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19) na capital. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (27).
Os procuradores investigam as irmãs Lins de receberem a primeira dose da vacina contra a Covid-19 de forma indevida, tendo em vista que ambas não pertencem a grupos prioritários do plano de vacinação estabelecido pelo Governo Federal. O MPAM também investiga outros médicos de receberem a primeira dose da vacina de forma ilegal.
Gabrielle e Isabelle foram imunizadas no último dia 19 de janeiro, logo após terem a nomeação publicada no Diário Oficial. Elas são filhas de Gisélle Vilela Lins Maranhão, reitora da Universidade Nilton Lins, que fica ao lado da Unidade Básica de Saúde (UBS) Nilton Lins, onde as irmãs trabalham.
Ambas são recém-formadas, Gabrielle se inscreveu no Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) em 21 de maio do ano passado. Por outro lado, Isabelle foi regularizada cerca de sete meses depois, no dia 22 de dezembro de 2020. Segundo a Prefeitura de Manaus, elas estavam de plantão na UBS quando foram vacinadas.
O Portal Tucumã entrou em contato com as irmãs Lins para comentarem a respeito da investigação do MPAM pelo Instagram. No entanto, até o fechamento dessa reportagem, não tivemos nenhum retorno. Mas o espaço está aberto para esclarecimentos.
Pedido de prisão
O MPAM divulgou nesta quarta-feira um pedido de prisão preventiva para o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e para a secretária municipal de Saúde (Semsa), Shadia Fraxe.
Além disso, o ministério também determinou o afastamento de ambos das suas respectivas funções.
A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) informou que foram contratados “falsamente como gerente de projetos”, mas trabalhavam em unidades de saúde – como a nomeação foi intermediada pela médica Ilcilene de Paula da Silva, com a participação da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, e do assessor Djalma Pinheiro Pessoa Coelho.
David Almeida condenou a ação do MPAM e disse que era uma atitude ilegal. Ele afirmou que vai entrar com uma ação contra o ministério.
A Prefeitura de Manaus também ressaltou que “não há o menor indício de desvio de recursos públicos, ato lesivo ao erário ou repercussão criminal”.
Transferência
O desembargador plantonista do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), José Hamilton Saraiva dos Santos, transferiu a responsabilidade para a Justiça Federal em analisar o pedido de prisão preventiva de David Almeida e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe.
Em decisão, o desembargador declarou a incompetência da Justiça Estadual para analisar o julgar o processo referente à vacinação do novo coronavírus (Covid-19).
O Portal Tucumã entrou em contato com o TJAM cobrando esclarecimentos a respeito do caso. Em nota, foi informado que o processo corre sigilo judicial e não pode fornecer novas informações.
O desembargador ainda ressaltou na decisão que problemas relacionados com a vacinação da Covid-19 é de responsabilidade da Justiça Federal.
“Para que não haja dúvidas de que se trata de utilização de verba federal, a ser fiscalizada, por conseguinte, pelos Órgãos de Controle Federais, circunstância que, inclusive, atrai a competência da Justiça Federal para processar o presente Feito, saliento que as vacinas para o combate da pandemia causada pelo novo coronavírus “SARS-Cov-2”, sobretudo, a denominada “Coronavac”, produzida, inicialmente, pelo laboratório chinês Sinovac Life Science Co., em parecia com Instituto Butantan”, explica.
Foto: Reprodução/Instagram
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