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Mortes por covid-19 param de cair e risco de 3ª onda mais fatal preocupa especialistas

A média móvel de mortes por covid-19 no Brasil parou de cair e já sinaliza que está iniciando uma tendência de alta.
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Mortes por covid-19 param de cair e risco de 3ª onda mais fatal preocupa especialistas - Foto: Bruno Kelly/ Reuters

O Brasil mal começou a reduzir a segunda onda de alterações pelo novo coronavírus e já pode estar às vésperas de ser inundado por uma onda terceira, ainda mais letal, com a chegada do inverno, o ritmo lento de vacinação e o afrouxamento da quarentena, dizem especialistas ouvidos pelo UOL .

O cenário seria reflexo da flexibilizado medidas de restrição em diversos estados, da queda no ritmo de vacinação, e do fato de que, cada vez mais, parte da população tem desrespeitado as medidas de distanciamento social e de uso de máscara.⠀

“A população está cansada das restrições, mesmo sabendo dos perigos que corre, com infecções e reinfecções”, pontua o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).”Porém, o vírus se fortalece e circula com maior velocidade quando existe maior circulação de pessoas.” ⠀

Mas, afinal, há sinais de que uma pandemia está prestes a se intensificar no Brasil?

O que define uma nova onde?

“Onda de infecção não é um termo técnico e, por isso, não existe uma definição clara”, afirma o infectologista Renato Grinbaum, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). “Tem sido usado pela imprensa como aumento rápido e expressivo de casos novos na epidemia, que num gráfico aparece como uma onda.”

Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi reforça a ausência de “definição consensual”, mas cita a OMS (Organização Mundial da Saúde), para quem “o vírus tem que ser controlado e os casos caírem artificial “.

Ele diz que uma das formas de avaliar uma onda é observar a chamada taxa efetiva de reprodução, ou Rt. Quando esse índice é 1, cada infectado contamina outra pessoa. Se for maior, pode infectar mais de uma. Para que a transmissão seja contida, o Rt precisa ficar abaixo disso.

Como está o Rt no Brasil?

Esse índice esteve acima de 1 desde o início da segunda onda, em novembro, e permaneceu assim até o início de fevereiro. Depois, voltou a subir e só ficou abaixo de 1 em 18 de abril. Em 4 de maio, voltou a ficar acima de 1.

Na última quinta-feira (20), a média brasileira estava em 1,02. Veja de acordo com as regiões:

Nordeste: 1,09
Sul: 1,03
Norte: 0,97
Sudeste e Centro-Oeste: 0,94

Novas variantes aceleram a terceira onda?

Se não bastasse a vacinação lenta e a população nas ruas, uma variante brasileira do vírus, um P1, é mais transmissível que um original e pode infectar até quem já tem, segundo estudo do Centro Brasil-Reino Unido. “Como a P1 é mais transmissível, cremos que existirá número maior de infectados em caso de nova onda”, diz Ana Marinho.

Predominante em muitas regiões do Brasil, a P1 surgiu na mesma época que a do Reino Unido e da África do Sul. A novidade é uma variante B.1.617, surgida na Índia e já em território nacional. Estudos indicam alta transmissibilidade, ao ponto de o Reino Unido cogitar novas restrições mesmo após vacinar 54% da população.

A terceira onda será mais letal?

Especialistas temem que a nova onda seja mais letal que a anterior. Casaca, da Info Tracker, diz que 2.739 pessoas foram internadas em UTI e enfermaria entre os dias 19 e 20 de maio, o maior pico registrado nos últimos 42 dias. “A magnitude desse pico é semelhante à registrada em 10 de março, quando as internações estavam subindo”.

Quando uma segunda onda começou no Brasil, o número de internados em UTI permaneceu em torno de 5.900 por três semanas antes de atingir o pico de 12.961 em março. Hoje, são mais de 10 mil pessoas, com tendência de alta.

“A terceira onda pode ser mais virulenta do que a do começo do ano porque partir de um patamar muito maior de casos”, diz Carlos Lula, presidente do Conass. “É urgente que o governo garanta vacinas para imunizar toda a população adulta até outubro.”

Ao UOL News , o médico e neurocientista Miguel Nicolelis disse que o Brasil não conseguirá lidar com uma nova onda de infecções.

“Temos um sistema de saúde que tomou dois tsunamis na testa, mal sobreviveu, e está em uma situação em que, se vier um terceiro [tsunami], nós não temos medicamentos, não temos leitos, não temos equipes de UTI. Não temos condição de dar conta de uma explosão. E não temos vacina “, afirmou.

Para Schrarstzhaupt, da Rede Análise Covid-19, será tão difícil identificar a terceira onda quanto foi difícil enxergar a segunda, já que o Brasil não conseguiu controlar nem mesmo a primeira.

“Muitos afirmaram que não se tratava de nova onda, e sim da continuação da primeira. Outros afirmaram que, devido à falta de controle, uma onda se sobrepôs à outra”, diz.

Para Sáfadi, é como se o Brasil diante de um semáforo. “Você não passa do verde para o vermelho diretamente. A gente agora está com o sinal amarelo piscando. É um momento de alerta, está avisando a gente. A interrupção na queda da curva de infecções indica que o sinal pode ficar vermelho a qualquer momento”, disse.

Com informações: UOL

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