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Ativistas criticam pedido de vereador para retirar debates sobre diversidade de gênero nas escolas de Manaus

Para o vereador Raiff Matos (DC), os debates sobre diversidade sexual e de gênero são carregados de viés ideológicos. Saiba mais
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Manaus – Recentemente o vereador Raiff Matos (DC) protocolou na Secretaria Municipal de Educação (Semed) um pedido para retirar debates relacionados a diversidade sexual e gênero nas escolas da capital. Raiff entendeu que o tema é complexo e exige muito zelo.

“É preciso ter muito cuidado com o tema neste momento de pandemia da Covid-19, além de ser um debate carregado de um forte viés ideológico. Vou insistir para que a Prefeitura de Manaus e a Semed avaliem bem essa questão.

O parlamentar oficializou o pedido no dia 8 de fevereiro junto ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e disse que é uma luta de muitas famílias da capital.

“Tenho total confiança na sensibilidade do prefeito para evitar a politização desse tema num momento importante de necessidade de valorização da família na sociedade”, afirmou Raiff.

Nesta semana o vereador Raiff Matos assumiu a presidência Comissão de Cultura e Patrimônio Histórico da Câmara Municipal de Manaus (Comdec) e afirma que vai trabalhar junto com a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).

Críticas

Entretanto, apesar do entusiasmo, o pedido feito pelo vereador Raiff Matos não tem sido visto com bons olhos. Ativistas manauaras ficaram intrigados com o pedido e o parlamentar foi alvo de críticas.

A historiadora e líder do Movimento de Mulheres Negras da Floresta – Dandara, Francy Júnior, disse ao Portal Tucumã que o tema não deve ser encarado como uma forma de desmoralizar as famílias e explora outras vertentes.

“O tema da diversidade sexual e de gênero não deve ser encarrado como algo que vá acabar ou desmoralizar a família, ao contrário do que pregam os que repudiam o debate de identidade de gênero, diversidade sexual nas escolas, trazer esse tema para perto das crianças não significa desmoralizar as famílias e nem ‘ensinar a ser gay, lésbica, trans ou feminista’, trata-se de conhecimento” explica.

Foto: Reprodução/Facebook

Francy também ressaltou que as escolas da rede municipal não devem virar as costas para debates sobre diversidade de gênero e sexual.

“A comunidade escolar não pode fechar os olhos para educação do ser humano. Educar as meninas e meninos para a diversidade de gênero e sexual é libertar da violência, aliciamento, abusos e exploração sexuais. É libertar os pensares de caixinhas”, conclui.

O ativista Paulo Trindade, representante da classe LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais e outros) em Manaus, também se manifestou contra o pedido feito pelo vereador Raiff Matos.

Segundo ele, a situação tenta ofuscar os olhos no combate à pandemia e que a discussão sobre o tema não é ilegal.

“Essa situação surge como cortina de fumaça para desviar da cobrança de medidas mais efetivas no enfrentamento à pandemia na cidade de Manaus e à vacinação da população manauara […] Não há ilegalidade na sua realização nas escolas e universidades. Pelo contrário, o judiciário sempre se manifesta pelo cumprimento da Constituição Federal. Resgatamos o artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases que elenca os princípios de ensino, vinculados diretamente à educação em valores, à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura”, ressalta.

Foto: Reprodução/Facebook

Paulo também acredita que o tema seja alvo de perseguições e o posicionamento do vereador Raiff Matos é retrógrado.

“Não há argumento para impedir que esse debate ocorra no ambiente educacional. O posicionamento proposto pelo vereador é inconstitucional, retrogrado, antiquado, não encontra respaldo científico e jurídico, além de promover o retrocesso na educação. Na verdade, há desvio de atenção e pânico moral criado por movimentos religiosos conservadores”, explica.

Esclarecimentos

O Portal Tucumã procurou a Semed para dar esclarecimentos a respeito do tema e se o órgão vai aceitar o pedido feito pelo vereador. Porém, até o fechamento dessa reportagem, não tivemos nenhum retorno, mas o espaço fica aberto para esclarecimentos.

Foto: Joelma Sanmelo

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