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Ativistas LGBTQ+ do AM comentam decisão de Eduardo Leite em assumir homossexualidade

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), fez a revelação durante uma entrevista ao jornalista Pedro Bial, na TV Globo
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Foto: Andre Feltes/Veja

Manaus – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assumiu que é homossexual durante uma entrevista na TV Globo, ao jornalista Pedro Bial, na última quinta-feira (1°). Na ocasião, ele também afirmou que vai ser pré-candidato à Presidência da República nas Eleições 2022.

A revelação de Eduardo Leite acontece em um momento que as discussões sobre homossexualidade, embora seja um tabu, vêm acontecendo com muita frequência.

O gesto do governador em assumir a orientação sexual foi comentado por ativistas da classe LGBTQI+ do Amazonas. O fundador do Coletivo Difusão e do Centro Popular do Audiovisual, Paulo Trindade, considerou louvável a atitude do governador do Rio Grande do Sul.

“Tenho respeito a Eduardo Leite. O Brasil presenciou um ato de coragem. Nós, LGBTI+, sabemos o quanto é difícil sair do armário diante do ódio e da intolerância. Não é fácil assumir a orientação sexual e ser quem somos diante de tanta violência seja física, psicológica, moral e sexual”, disse.

Foto: Divulgação

De acordo com Paulo, o governador do Rio Grande do Sul terá novas responsabilidades pela frente, logo após a revelação de sua orientação sexual.

“O governador possui agora uma responsabilidade ainda maior que é o combate a LGBTfobia no âmbito institucional governamental e na política. Embora eu tenha um posicionamento político diferente, desejo que o Rio Grande do Sul se torne referência nas políticas públicas LGBTI+ no país”, reitera.

Desafios

A historiadora Francy Júnior é uma das representantes da classe LGBTQI+ no Amazonas. Segundo ela, a decisão tomada por Eduardo Leite se faz justa e necessária.

“A atitude do governador Eduardo Leite se faz necessária, pois estamos vivendo em uma conjuntura de morte. A cada dia uma pessoa LGBTQI+ é massacrada ou assassinada. Precisamos unir nossos posicionamentos, precisamos reeducar o nosso povo, olhar o ser humano com olhar de amorosidade, acolher os iguais e respeitar todas as formas de viver, sonhar, crer e amar”, comenta.

Foto: Divulgação

Ela também fez um retrospecto histórico sobre a classe LGBTQI+ no Brasil, principalmente nas décadas de 1970 e 1980.

“A construção de uma possibilidade de sujeito social com desejos e práticas discordantes da heterossexualidade tem pouco tempo ou melhor dizer, praticamente um século deste período sob o olhar da patologia médica, da criminalização jurídica e da condenação religiosa. Lembro que no final dos anos 70 e início dos anos 80 que a luta por direitos e respeito ganhou força, narrativas, debates e formou lideranças que sem medo, mostraram a cara”, reitera.

Otimismo

A decisão de Eduardo Leite foi vista com bons olhos por Rodrigo Furtado, ativista LGBTQI+ e coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), em Manaus. Ele também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“É louvável e muito plausível ele fazer isso em um momento que nós temos na Presidência do país um presidente que destila e fortalece narrativas preconceituosas, que culmina em grandes assassinatos e violências físicas. Isso faz com que seja um exemplo de motivação àqueles que “se encontram no armário”. A manifestação dele é recebida com muito carinho. Particularmente falando recebi com muita alegria. Que isso sirva de exemplo”, falou.

Foto: Divulgação

Rodrigo comentou que o anúncio do governador do Rio Grande do Sul pode causar desconforto entre os políticos de direita e extrema-direita.

“Naturalmente pode causar um desconforto. A direita e a extrema-direita é um retrato bem desenhado sobre os seguidores do Bolsonaro, o que é o Bolsonaro e o nosso Congresso Nacional […] não tem como adivinharmos quem são as pessoas, mas ele (Eduardo Leite), a partir dessa comunicação oficial, vai reunir ataques naturais e que seria da oposição. Eu não acredito que nós da esquerda vamos censurar ou fazer disso um palanque político”, explana.

Contramão

Apesar do clima de entusiasmo, a declaração de Eduardo Leite não foi vista com bons olhos pelo Pai de Santo Alberto Jorge Silva, coordenador-geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama), e defensor da classe LGBTQIA+.

“Gay de direita é algo tão esdrúxulo quanto um preto ser membro da Ku Klux Klan. Concordo com o Jean Wyllys, é paradoxal. Hitler, Bolsonaro, Mussolini, Trump, entre tantas outras expressões da direita, nunca esconderam suas homofobias. Seus seguidores não escondem a homofobia que seus representantes maiores jamais negaram”, disse.

Foto: Reprodução/Facebook

Jorge considera o posicionamento de Eduardo Leite como um enfraquecimento da direita no cenário político brasileiro.

“A direita somente agora, diante da evidente perda de popularidade se mostra “tolerante”, mas não fala, não se contrapõe aos seus grandes expoentes homofóbicos. Até que saibamos, tenhamos certeza de que houve uma mudança de paradigma da direita, não iremos apoiar. A interpretação que temos é de uma “suposta” aceitação da direita de algumas exceções, como a do governador em pauta, para se limpar e não perder feio nas próximas eleições”, conclui.

Leia também: Presidente afastado da CBF é chamado pela Câmara para depor sobre caso de assédio

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