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Medo do coronavírus não afasta movimento em cartões postais de Manaus

Apesar do 1º caso confirmado em Manaus, locais de grande aglomeração popular como a Ponta Negra, igrejas e áreas pontuais como a feirinha da Eduardo Ribeiro, tiveram movimentação intensa neste domingo (15)
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Medo / Foto: reprodução
Medo / Foto: reprodução

anúncio do primeiro caso de Coronavírus no Amazonas – ocorrido na última sexta e tendo como paciente uma mulher de 39 anos infectada em Londres – não afastou, neste dia de domingo, os amazonenses de locais de grande aglomeração popular como o balneário da Ponta Negra, igrejas e áreas pontuais como a feirinha da avenida Eduardo Ribeiro, no Centro Histórico de Manaus.

Se por um lado o sentimento natural é de receio pelo surgimento de novos casos da doença, aliado às incertezas obre o que virá daqui pra frente, por outro existe o desejo da população ouvida por A CRÍTICA de que, cumpridas todas as orientações de saúde, a vida tem que continuar, seja procura de um lazer, seja do lado financeiro.

Hoje, grupos de famílias e amigos estavam normalmente na praia da Ponta Negra passeando, se divertindo, andando de mãos dadas, se abraçando, beijando ou tirando selfies. Esse era o sentimento do casal de rondonienses Gilson Salomão, 37, que é empresário, e sua noiva, Laila Bueno, 32.

Para eles, que vêm de um Estado onde no qual até o fechamento desta edição não havia registro de casos do Covid-19, estar na praia, onde há um fluxo maior de pessoas, não causa medo, mas é preciso prevenir.

“Viajo sempre, não só para Manaus mas pra outros Estados como São Paulo, e o que fazemos é seguir à risca todas as precauções. Querendo ou não, aqui ou em qualquer outro lugar, existe sim um receio. Não somos mais surpreendidos pois há qualquer momento podem surgir outros casos. No meio em que vivemos estamos em vários lugares ao mesmo tempo e você pode ser um condutor desse vírus. Em Rondônia nao há casos, mas já, já, deve com certeza ter pois todos viajam. O que deve haver é precaução ainda mais em ambientes onde há muitas pessoas juntas”, destaca o empresário.

O que não se pode, diz ele, “é se deixar de viver ou morrer de Coronavírus porque se preveniu demais. Aí é de lascar”. “Nós fazemos todos os cuidados certinhos”, acrescenta Laila Bueno.

Mineiros

Na manhã de hoje os mineiros Zacarias Pereira, 42, e Erluce Ventura, 41, conversavam normalmente sentados à mesa de frente para o rio Negro, observando dois de seus três filhos brincarem. Eles chegaram a Manaus há cerca de um mês a trabalho.

“Não me sinto amedrontado por estar um local assim como a Ponta Negra porque, pelo que eu estou acompanhando, o Coronavírus é apenas uma gripe, mas creio também que, por esse espaço ser aberto, se a pessoa se prevenir direitinho, e tomar os devidos cuidados, acho que não amedronta e nem estraga o lazer de ninguém”, comentou Zacarias, militar natural da cidade de Araguari (MG) e com típico sotaque mineiro.

Ele conta só ter mais medo por conta dos filhos – duas mulheres de 18 e 14 anos e um rapaz de 7 anos.

Na última sexta, ao saber do primeiro caso pela mídia, sua reação foi falar para a esposa que “o negócio está começando a ficar sério pois está chegando aqui em Manaus”. 

“A prevenção é o melhor remédio seja dentro de casa ou fora dela, no trabalho. Deve-se fazer assepsia antes da alimentação, ou de repente estar um lugar fechado onde a pessoa espirra, etc”, explica ele.

Sua esposa contou que pensa semelhante. mas acrescenta que “o maior perigo nem é aqui mesmo, pois a praia é aberta, e sim na escola, em reuniões de pessoas, locais fechados; aí é necessária a prevenção”.

Mesmo estando em uma região na qual o número de casos ainda é bem menor que outros locais do País gera preocupação, diz Zacarias. “Nos preocupamos pois nossos familiares são todos lá de Araguari. A sensação de medo é maior. Queriamos que todos estivessem seguros como nós estamos aqui. Aqui está melhor ainda que Minas, um dos locais onde está pior; já em São Paulo está explodindo”.

Bom humor aliado à precaução

Na Ponta Negra, alguns comerciantes ouvidos por A CRÍTICA disseram não estar tão temerosos, mas incomodados, sim, com a chegada do Coronavírus. E, em meio ao drama do Coronavírus, ainda há tempo para a alegria e o bom humor.

A dupla de vendedores de queijo assado, populares “queijeiros”, Francisco César, 60, e Geraldo Araújo da Silva, 68, se revezavam na entrevista para A CRÍTICA entre a análise crítica e o humor. 

Francisco César é do Acre, mas mora em Manaus há mais de 20 anos. Para ele, “não se pode ter medo de vender na Ponta Negra pois é preciso trabalhar; é preciso enfrentar a vida”. Morador do bairro Lírio do Vale, na Zona Oeste, ele chega religiosamente ao balneário diariamente às 7h e, na sua análise, o fluxo de pessoas estava normal como de qualquer final de semana, hoje. 

“Esse vírus veio de fora e aqui em Manaus não nos atingiu pois nosso clima é quente, e ele gosta de frio. No Sul e lá na China, e nos países que têm mais frio, atingiu mais”, declarou o queijeiro. 

Geraldo, que vende queijo assado na praia há mais de 35 anos, declarou que não ficou com medo, e nem pode ter mado, mas receio da doença e fé em Deus. “Sempre temos que ter fé em Deus”, declara ele, casado, pai de três filhos e residente do Nova Esperança 1, Zona Oeste.

“Nós seguimos todas as orientações para não pegar o vírus, que é perigoso, mas também aproveito para ‘esterilizar’ minha mão aqui na quentura, no fogo que assa o queijo”, brincou o trabalhador, arrancando gargalhadas de quem estava próximo dele.

Católicos cumprem determinação em igrejas

Presente ao culto de hoje pela manhã na Igreja de São Sebastião, no Centro Histórico, a administradora de empresas Herilane Oliveira, 36, foi uma das fieis que seguiu a orientação do arcebispo metropolitano de Manaus, dom Leonardo Steiner, de não haver o contato e o beijo nas mãos durante as celebrações.

Cumprimentos como o tradicional “Paz de Cristo”, onde os fieis se cumprimentam apertando as mãos um dos outros, não vem acontecendo por conta dessa determinação.

Herilane conta que reagiu com preocupação à notícia do primeiro caso amazonense. “Não fiquei com medo, mas, na verdade, fiquei preocupada com a notícia desse caso confirmado em Manaus mas o que precisamos fazer é seguir as diretrizes que serão informadas. A princípio nós evitamos tocar as mãos e abraçar ou ter um contato mais próximo com o outro. Com relação à Igreja, nós ainda estamos vindo às missas, mas aguardamos o que a Arquidiocese vai nos direcionar: se vai suspender as celebrações ou não”, disse ela, falando que lava as mãos, usa álcool gel e evita contatos.

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Fonte: A Crítica

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