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Mortos no Jacarezinho não tiveram chances de defesa, aponta laudo

A operação policial na comunidade do Jacarezinho, zona Norte do Rio de Janeiro, aconteceu em maio deste ano e terminou com 27 mortos
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jacarezinho mortos
Foto: José Lucena/Estadão Conteúdo

Rio de Janeiro – Documentos relacionados à investigação das mortes durante a Operação Excepios — na qual agentes da Polícia Civil do Rio mataram 27 civis na favela do Jacarezinho em maio — mostram indícios de execução e desfazimento da cena do crime no local onde ocorreram mais mortes.

A informação foi divulgada pelo UOL neste sábado (26). A reportagem diz que o termo execução é um jargão policial usado quando há envolvimento de agente público em mortes em que a vítima está rendida ou não apresenta possibilidade de reação.

Após a ação policial, moradores e parentes de vítimas denunciaram à Defensoria Pública e à OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil) a ocorrência de execuções. Presos na ação disseram que foram torturados e obrigados a carregar corpos, o que é ilegal.

A Polícia Civil foi questionada sobre os elementos apontados pelos peritos e sobre diversos pontos referentes às investigações, mas não respondeu a nenhuma das perguntas feitas pela reportagem.

Participaram da ocorrência no Jacarezinho oito policiais civis da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) — grupo de elite da Polícia Civil do Rio.

Homens dessa unidade estiveram envolvidos em 22 das 27 mortes no Jacarezinho. Desde 2007, operações da Core resultaram em 304 homicídios na Região Metropolitana.

Seis dos sete mortos eram negros

Entre os sete mortos no interior do imóvel, seis eram homens negros. A proporção repete um padrão sistêmico de atuação da polícia no Rio.

Dados compilados pela Rede de Observatórios de Segurança mostram que mais de 78% das pessoas mortas pelas forças policiais no Rio de Janeiro em 2019 eram negras — pelo menos 1.423 das 1.814 vítimas. O número pode ser ainda maior, tendo em vista que não há informações sobre a raça de outros 159 mortos.

O dado indica que pessoas negras são vitimadas de forma desproporcional pelas forças de segurança, já que apenas 51,7% dos fluminenses são negros. Em contrapartida, os brancos representam 47,4% da população, mas só foram vítimas de 12,7% das mortes cometidas por policiais em 2019.

Para Pablo Nunes, coordenador-adjunto do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), da Universidade Cândido Mendes, a operação pode ser classificada como um “massacre”. Ele ressalta que o fato de pessoas negras serem um alvo preferencial da polícia repete um padrão histórico na segurança pública do Rio.

Ação ocorreu após morte de policial

Segundo depoimentos dos moradores, tudo ocorreu pouco depois das 6h — momento em que a operação foi iniciada e o policial civil André Frias foi morto por criminosos.

De acordo com os depoimentos dos policiais e de moradores do prédio, um grupo de traficantes fugiu pelas lajes de casas na área e invadiu o imóvel pelo andar superior.

Os policiais foram informados que o deslocamento havia sido flagrado por um helicóptero de TV e seguiram para o local. Os traficantes tentaram fazer os moradores de reféns para se proteger.

Tanto os agentes quanto os moradores sustentam que houve troca de tiros no interior do imóvel. No total, cinco homens foram baleados no 3º andar, e outros dois no 2º pavimento. Nenhum policial ficou ferido.

Com informações do UOL

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