Manaus – “A pandemia ainda não acabou”, alertou o infectologista Antonio Magela, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) sobre as medidas de segurança contra o novo coronavírus (Covid-19). Constantemente é noticiado diversas aglomerações, principalmente na praia do Complexo Turístico Ponta Negra, na Zona Oeste, da capital. No último domingo (26) a equipe do Portal Tucumã esteve no local e flagrou diversos banhistas aproveitando o final de semana.
O coronavírus provocou o cancelamento de vários eventos em todo o Brasil, um deles foi a tradicional festa Réveillon em São Paulo, realizado na avenida Paulista, com o intuito de evitar aglomerações da doença. E Manaus? Como se encaixa nesse caso? Pode oferecer risco à população?
Segundo Magela, ainda é cedo para tomar alguma decisão sobre o evento e que é preciso esperar a forma que a Covid-19 vai se comportar em Manaus.
“Ainda é cedo para decidir algo, isso deve analisar no final de outubro ou começo de novembro. No nosso caso, Amazonas, é uma epidemia. A aglomeração do Réveillon na Ponta Negra é violenta. Mesmo que o evento seja realizado, é necessário obedecer rigidamente as regras de distanciamento social. Houve uma queda de casos confirmados, mas ainda não estamos livres da doença, o risco ainda não passou”, explicou Magela.
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) diz que o estado soma mais de 100 mil casos confirmados da doença, sendo 35.269 em Manaus, no interior 64.871 e mais de 3 mil mortes causadas pelo vírus. Entretanto, aproximadamente 84 mil pessoas passaram do período de quarentena (15 dias) e se recuperaram da doença.
Enquete
Uma enquete, realizada no dia 26 de julho pelo Portal Tucumã, alcançou aproximadamente 38 mil usuários no Facebook. Desses, cinco mil participaram votando. Cerca de 1 mil (21%) votaram a favor da realização da festa de Réveillon, enquanto mais de 3,9 mil (79%) se mostraram contrários ao evento.
O público ficou dividido sobre a realização do evento. Uma das internautas disse que o Réveillon é um momento único para reunir os familiares e comemorar a chegada do Ano Novo.
“O Réveillon é o único momento onde tantas pessoas esperam o ano todo para comemorar aí na praia. Fatalidades acontecem todos os dias. Se fosse por conta da aglomeração, ninguém sairia de casa”, comentou.
Por outro lado, um internauta criticou as pessoas que desejam a realização do evento. Ele acredita que o Réveillon deveria ser cancelado em respeito às vítimas da Covid-19.
“São pessoas de coração duro. Se na sua família ninguém sucumbiu ao maldito vírus, agradeça a Deus. Mas respeite as dores de quem hoje chora, lamenta, não ouve mais a voz do seu ente querido. Faça suas confraternizações em casa e preste atenção em quem é convidado. Pois poderá estar levando a dor, o sofrimento e a morte para quem amas dentro da sua casa”, disse.
Outras doenças
Além da Covid-19, a população manauara deve se preocupar com outras doenças, caso não siga as regras de distanciamento social. Magela destacou que vírus respiratórios devem ser uma preocupação na cidade.
“Pode aumentar não só os casos de coronavírus, mas sim de tuberculose, gripe e resfriado. A preocupação não é apenas contra a Covid-19. Essas medidas de segurança servem para proteger de outras doenças respiratórias. As regras deveriam fazer parte do dia a dia da população”, comentou.
Para ele, o manauara deve continuar seguindo as regras de prevenção contra a Covid-19, mesmo com o fim da pandemia.
“Na perspectiva que estamos tendo, uma grande parcela da população vai manter essas medidas como rotina. Entretanto, tem muita gente que pensa totalmente contrário. Elas pensam que tudo está resolvido. Ainda temos o perigo da tuberculose e de outras doenças”, reitera.
Manauscult
A virada de ano na praia do Complexo Turístico Ponta Negra atrai diversas pessoas todos os anos. Procurada pelo Portal Tucumã, a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), responsável pelo evento, informou que vai aguardar um posicionamento do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB).
“A Prefeitura de Manaus ainda está com o decreto que impede grandes aglomerações por conta do covid-19. Há uma grande vontade por parte da prefeitura em realizar o evento com segurança. O órgão deve manifestar agora no início do mês de agosto sobre o Réveillon. Estamos no aguardo do prefeito”, informou a secretaria por meio de nota.
O prefeito chegou em Manaus na última quarta-feira (29) após um mês de tratamento realizado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, contra o coronavírus. Arthur e a primeira-dama do município, Elisabeth Valeiko, foram diagnosticados com a doença no dia 30 de junho, um dia depois da inauguração do Complexo Viário da avenida Constantino Nery.
Foto: Mário Oliveira/Semcom
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